“O roque-de-castro era apenas conhecido nos ilhéus [do arquipélago], mas não ocupava a ilha principal, a Berlenga, por aí existiam ratos e, possivelmente, por os ratos que são um predador, terem sido retirados, voltou a nidificar”, afirmou à agência Lusa Joana Andrade, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), que coordena o projeto de investigação Life Berlengas.
Na semana passada, os investigadores do projeto observaram um ovo posto por uma fêmea desta espécie, o que “demonstra o sucesso do projeto para preservar a biodiversidade e restaurar o habitat deste arquipélago”, pertencente ao distrito de Leiria.
Resultado da campanha de erradicação desenvolvida há dois anos, “o último rato observado foi em setembro de 2016”, o que leva a investigadora a concluir que a ilha “está livre” destes predadores.
No âmbito do projeto, nos últimos quatro anos foram instalados na Berlenga 20 ninhos artificiais e um sistema de sons e cheiros usados como chamariz para esta espécie, com o objetivo de criar condições para a ave aí se estabelecer.
O roque-de-castro é uma das aves mais pequenas a nidificar em Portugal.
Um estudo do projeto Life Berlenga, publicado em setembro, a que a Lusa teve acesso, conclui ainda que, dos mais de cem ninhos artificiais colocados este ano para a cagarra, outra das seis aves marinhas do arquipélago, 37 foram ocupados.
Nos últimos quatro anos, a taxa de ocupação foi de cerca de 36% e o sucesso da reprodução desta espécie aumentou 96%.
No caso do roque-de-castro, em 2017, foram instalados 48, dos quais cinco foram ocupados e a reprodução aumentou 75%. A taxa de ocupação aumentou de 11,5 para 26,6% em quatro anos.
Os dados demonstram que as duas populações estão a crescer.
O projeto Life Berlengas, que estava previsto terminar em setembro e foi prolongado até junho de 2019, visa conservar a biodiversidade do arquipélago das Berlengas.
Coordenado pela SPEA, o projeto tem como parceiros o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a Câmara Municipal de Peniche, a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e a Escola Superior de Tecnologia e do Mar do Instituto Politécnico de Leiria.
O projeto é co-financiado pelo Programa LIFE+ da União Europeia e pelo Fundo Ambiental.
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