Os pedidos de fotos e autógrafos não se esgotam e Rui Costa vai acedendo a todos com um sorriso. Quando vai ‘assinar o ponto’, é o último a regressar, uma cena que se repete desde a apresentação das equipas, na quinta-feira, junto à Torre de Belém, onde o autocarro da EF Education-EasyPost acabou por partir sem ele, tal foi a demanda pela atenção do campeão nacional de fundo — posteriormente, um carro da equipa levou-o ao hotel.
O poveiro destaca-se no pelotão pelas listas que leva ao peito, sendo mais fácil de ‘captar’ entre os autocarros das equipas, permanentemente rodeados de curiosos e adeptos nacionais. É num desses raros intervalos entre solicitações que a agência Lusa consegue uns minutos para entrevistá-lo, com a conversa inevitavelmente a incidir sobre quão especial é vestir a camisola de campeão português nesta Vuelta.
“Tem um significado muito grande. E também, de certa forma, é motivo de enorme orgulho para mim, de demonstração da nossa camisola a nível internacional. Sinto-me muito honrado por poder levá-la, sobretudo por estar aqui em Portugal, junto de todos os portugueses que nos apoiam durante todo o ano abertamente e têm sido fantásticos com todos nós”, confessou.
Sentado nas escadas do autocarro da EF Education-EasyPost, aproveitando o ‘abrigo’ do sol escaldante que tem marcado este arranque português da Vuelta, Costa nota que normalmente o apoio do público “sente-se mais à distância”, apesar que hoje em dia “as redes sociais” fomentarem a proximidade.
“Não há quase palavras para descrever o quanto as pessoas nos apoiam, o quanto as pessoas nos seguem. Realmente, sente-se muito o quanto Portugal apoia o ciclismo, o quanto Portugal gosta de ciclismo, isso é bom de saber. Não é que seja algo novo para mim, mas, sem dúvida, que pela primeira vez estar numa grande Volta, com a saída de Lisboa, tem-no demonstrado”, salientou.
A época de Costa começou com um sobressalto, também em Portugal, quando caiu na Volta ao Algarve, sendo obrigado não a “uma alteração de um percurso” previsto para a segunda parte da temporada, mas sim ao “cancelamento de muitas provas para uma recuperação”.
“É óbvio que depois disso, ou após a queda, o objetivo foi sempre voltar a estar no Tour, voltar a estar na Volta a Espanha. Eram os meus objetivos principais. Pude estar presente. Os Jogos Olímpicos também eram um objetivo, foi pena da maneira como terminou”, disse, numa alusão a um furo que o impossibilitou de estar na discussão da prova de fundo de Paris2024.
O campeão mundial de fundo de 2013 reconhece que, depois do Tour, houve pouco tempo para recuperar do desgaste, porque nos Jogos foi totalmente uma loucura. “Quase que não ‘pousávamos’. E, na verdade, não deu para recuperar aquilo que eu queria”, reforçou.
Antes do arranque da Vuelta, conseguiu ter uma semana mais tranquila em casa, embora sem deixar de trabalhar, esperando agora “estar à altura aqui nesta Volta a Espanha” e “ir em crescendo durante estas três semanas”.
“Vamos lutar por isso, apesar que o objetivo número um da equipa é realmente estarmos com o Richard Carapaz, apoiá-lo durante toda esta Volta, porque acreditamos que ele possa fazer um pódio final”, elucidou ao ser questionado sobre se procurava repetir o triunfo em etapas na Vuelta, depois de no ano passado ter vencido a 15.ª tirada.
Pelo estatuto que tem na equipa, Costa admite que pode surgir a oportunidade de lutar por uma vitória.
“Realmente, se essa oportunidade surgir, espero estar num dia bom, porque é certo que todos os dias serão dias de alguma exigência. […] Quando se está a apoiar um colega ou quando se está a ajudar, não se olha a meios de poupança, então espero que numa circunstância de prova que haja uma oportunidade possa estar bem”, concluiu.
Na segunda-feira, a Vuelta cumpre a sua última etapa em território português, nos 191,5 quilómetros entre a Lousã e Castelo Branco, entrando na terça-feira em Espanha.
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