“Seria uma forma de minimizar o sofrimento de doentes e respetivas famílias", sublinhou.
Em comunicado, Rui Nunes, também professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, considera que, “independentemente do percurso histórico e das responsabilidades que venham a ser apuradas, importa agir de modo a resolver uma situação humana e socialmente insustentável".
Para o presidente da Associação Portuguesa de Bioética (APB), essa "seria a solução ideal”, tendo em conta que a construção da nova ala pediátrica implica “não apenas a existência de recursos, mas também o escrupuloso cumprimento das regras da contratação pública, podendo não ser de resolução imediata".
Perante tal cenário, Rui Nunes sublinha que "a solução lógica, no plano de uma moderna gestão pública, é otimizar a capacidade instalada enquanto se aguarda por uma solução de fundo que vá de encontro às expectativas dos doentes e das suas famílias".
Assim, em seu entender, a solução eficaz no curto prazo seria "realojar a pediatria noutro setor do hospital, nomeadamente em pisos recentemente construídos e que facilmente podem ser adaptados para o efeito”.
“Isto implicaria, naturalmente, que os serviços que agora aí se encontram fossem realojados em outros espaços existentes", acrescenta.
Rui Nunes refere que esta opção "não carece de recursos que não estejam à disposição do hospital e permitiria aliviar o sofrimento dos doentes, das suas famílias e dos próprios profissionais de saúde que, com tanto empenho, se dedicam a estas crianças".
"A única pergunta a colocar é quando é que esta solução será implementada", frisa.
O docente da FMUP critica ainda "o estado em que se encontra a pediatria, sobretudo tendo em conta que estamos a falar não apenas de um dos melhores hospitais do país, mas sobretudo do hospital de referência do Norte de Portugal".
Acrescenta que “importa investigar, retrospetivamente, as causas desta lamentável situação. Nomeadamente em relação ao planeamento estratégico da saúde da mulher e da criança ao longo das duas últimas décadas".
"Aquando da discussão pública em torno da criação do Centro Materno-Infantil do Norte, alguns, entre os quais me incluo, alertaram para o facto de que a construção da nova unidade iria centralizar este tipo de cuidados, dado que nem o país nem a região têm dimensão ou escala para comportar mais do que uma unidade hospitalar com estas características", recorda.
Na ocasião, frisa, "muitos pensavam que os recursos eram ilimitados e que o Estado, mesmo sobre-endividado, podia continuar a despender acima das suas posses. O resultado foi o que se viu, com a necessidade de intervenção externa, o que originou grandes sacrifícios para a população. E o ‘Joãozinho’ – o hospital pediátrico do São João – não foi construído".
Em 2016, cerca de um ano depois de ter começado, a obra que decorria em terrenos do Hospital de São João por iniciativa da Associação Joãozinho parou.
A administração do centro hospitalar defendeu na ocasião que a empreitada só seria possível com investimento público, devido ao “desfasamento entre as verbas angariadas [pela associação] e o orçamento total da obra”.
A empreitada de cerca de 25 milhões de euros era suportada por fundos privados angariados pela associação “Um Lugar Pró Joãozinho”, que até então tinha reunido cerca de um milhão de euros.
Em janeiro de 2017, o Ministério da Saúde aprovou a construção da ala pediátrica, anunciando um investimento de cerca de 20 milhões de euros.
O Governo autorizou em 19 de setembro a administração do Centro Hospitalar Universitário de São João a lançar o concurso para a conceção e construção das novas instalações do Centro Pediátrico.
(Notícia atualizada às 10:19 - alteração no título)
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