Um pequeno grupo de portugueses estão em Gaza. A sua saída depende das autoridades egípcias e israelitas, referiu esta tarde João Gomes Cravinho, em entrevista à TVI.
“Temos a indicação de um pequeno número de portugueses em Gaza, portugueses e familiares não portugueses, mas familiares. Já transmitimos essa informação às autoridades egípcias e israelitas e estamos naturalmente expectantes quanto à possibilidade de saída dessas pessoas de Gaza”, disse o chefe da diplomacia portuguesa.
“O que nós podemos fazer neste momento é falar com os egípcios e israelitas e é isso que temos vindo a fazer”, sublinhou o ministro português.
Os EUA estão a fazer o mesmo, segundo a Associated Press, citando uma autoridade egípcia, Cairo, Telavive e Washington alcançaram um acordo para permitir que os estrangeiros em Gaza possam atravessar a fronteira para o Egito, o que poderia acontecer ainda hoje.
Na sequência, os Estados Unidos da América começaram a pedir aos seus cidadãos que estão em Gaza que comecem a deslocar-se para sul e para que estejam preparados para a passagem, pois a abertura de portas será por breves momentos.
"Informamos os cidadãos dos EUA em Gaza, com quem temos estado em contato que, assim que for seguro, dirijam-se para a passagem de fronteira de Rafah", disse um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano que acrescenta que o período de passagem poderá ser muito curto, reforçando para que "estejam preparados".
Mas, de acordo com informações avançadas pela agência de notícias espanhola, EFE - que cita canais de notícias egípcios, próximos dos serviços de inteligência daquele país - o Egito recusou a passagem de estrangeiros vindos de Gaza.
Segundo a EFE, o governo egípcio exige a entrada de ajuda humanitária para o povo palestiniano, que está à beira de uma catástrofe humanitária sem precedentes. Os egípcios, “receando um êxodo em massa”, querem assegurar a referida ajuda humanitária em troca da saída de estrangeiros.
Na verdade, o Egito “não quer repetir o que se passou na guerra de Gaza em 2009, que durou três semanas e levou muitos cidadãos palestinianos a tentar invadir a fronteira em busca de refúgio”, afirmou o governo, referindo-se aos 2,2 milhões de pessoas inocentes que procuram refúgio naquela região (não lhes deram alternativa).
As Nações Unidas alertaram para o agravamento da situação na Faixa de Gaza e pediram o levantamento urgente do cerco para permitir levar ajuda humanitária e responder a uma situação catastrófica.
“Tornou-se uma questão de vida ou de morte. É imperativo: O combustível tem de ser entregue agora em Gaza para que haja água disponível para dois milhões de pessoas”, afirmou o Comissário Geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, num comunicado.
A agravar este êxodo de pessoas para o sul de Gaza, Israel tem atacado aquilo a que chamou de “rota de evacuação”.
Vários relatos dão conta desses ataques. Um cidadão norte-americano chegou a Rafah com um grupo de estrangeiros, “tal como os EUA lhe pediu”, mas encontrou a fronteira fechada. Ao canal de televisão Al Jazeera, o americano disse que não só viveu “o inferno” durante a viagem, “é como uma zona de guerra, para quem vem do meio de Gaza até aqui”, como deu com as portas fechadas quando chegou à fronteira.
Num outro bombardeamento israelita à referida rota, a BBC reportou que os rockets atingiram um grupo de veículos que estava a caminho do sul de Gaza, na rua Salah-al-Din que faz parte de um dos corredores de evacuação do norte de Gaza. Nessa rota de evacuação, morreram 70 pessoas.
Por essa razão, dadas as circunstâncias (impostas), Rafah é a única passagem dentro e fora de Gaza não controlada por Israel e, inevitavelmente, a única via de saída de pessoas e de entrada de ajuda humanitária no enclave.
*com agências
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