Segundo o bloquista, a Câmara irá “iniciar já os procedimentos para poder avançar”, prevendo que “no final do ano, início do próximo”, as salas de consumo assistido possam abrir.
Em declarações à agência Lusa, Robles precisou que uma das salas ficará localizada “na zona do Vale de Alcântara, mais concretamente nas traseiras da estação de tratamento de águas, e a outra na zona do Lumiar, numa zona não habitacional, ali junto do eixo norte-sul”.
A par destes equipamentos fixos, uma unidade móvel irá percorrer as “zonas oriental e central” da cidade.
Ricardo Robles lembrou “uma preocupação totalmente legítima das populações relativamente aos consumos existentes na via pública, junto a escolas, junto a parques infantis, zonas de lazer”, pelo que os locais escolhidos “vão ao encontro dessas preocupações”.
Este problema arrasta-se “há demasiado tempo”, considerou o vereador bloquista, acrescentando que o objetivo passa por “instalar os equipamentos em zonas que de alguma forma não conflituam com a vida da comunidade e com o quotidiano da população”.
A Câmara Municipal de Lisboa apresenta na quinta-feira as conclusões dos “diagnósticos sobre consumos de substâncias psicoativas na cidade de Lisboa e respostas a implementar”, feitos pela Associação Crescer, Associação Ares do Pinhal, o Grupo de Ativistas em Tratamentos (GAT) e os Médicos do Mundo.
De acordo com um resumo ao qual a agência Lusa teve acesso, o diagnóstico permitiu estimar a existência de “1.400 consumidores em maior risco, identificados pelas equipas, constituindo-se como potenciais utilizadores destes programas”.
Ainda assim, “existe um número indeterminado de consumidores que neste momento não têm contacto com equipas”, é referido.
Nas salas de consumo assistido, a Câmara quer implementar programas de consumo vigiado, que pretendem ser “estruturas com profissionais de cuidados de saúde e psicossociais onde os utilizadores de substâncias psicoativas (SPA) podem usar as substâncias — injetadas ou fumadas – em melhores condições de higiene e de forma menos lesiva para a sua saúde, e onde se promove o acesso a cuidados de saúde e apoio psicossocial mais diferenciados”.
De acordo com os resultados do diagnóstico, feito entre setembro do ano passado e janeiro deste ano, “quase todos” os inquiridos “afirmaram estar interessados em utilizar este tipo de resposta por razões de higiene, privacidade (para evitar o uso em espaços públicos) e de segurança (para evitar overdoses fatais, partilha de material ou violência associada ao contexto de uso)”.
O documento ao qual a agência Lusa teve acesso ressalva que “as percentagens [de aceitabilidade das salas] variam ligeiramente consoante a zona da cidade” e que “um número residual não quer consumir por não sentir essa necessidade ou por sentir vergonha em consumir perto de um técnico”.
Os inquiridos mostraram também “interesse em ter nos programas de consumo vigiado condições para realizar a sua higiene, apoio na procura de emprego e cuidados de saúde”.
Na opinião do autarca responsável pelos Direitos Sociais, “estes diagnósticos vêm confirmar que há uma necessidade, há um problema” ao qual é necessário responder, “não só do ponto de vista da saúde, mas também do ponto de vista social”.
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