O antigo primeiro-ministro visitou hoje Vale de Chícharos, no distrito de Setúbal, pedindo maior celeridade perante um problema que já se arrasta há vários anos.
O realojamento começou em dezembro, e deverá estar terminado em 2022.
“Acho muito tempo, mas importante é já ter arrancado”, considerou, em declarações aos jornalistas, no final da visita.
Por isso, solicitou “maior urgência às autoridades centrais”, considerando que “isto não pode acontecer no Portugal do século XXI, nem do século XX, não há direito”.
“Se eu morasse aqui, também me sentiria revoltado, também não estaria integrado de certeza absoluta, também me sentiria excluído”, notou, salientando que “aqui a responsabilidade é de todos enquanto país”.
Na opinião de Santana Lopes, “um país decente não pode deixar estas coisas acontecerem e continuarem”.
Admitindo apenas ter tido conhecimento da realidade do bairro com os acontecimentos da última semana, o líder da Aliança considerou que “o que faz aqui mais impressão são as décadas que passaram sem se conseguir aquilo que neste momento está em curso”, o realojamento.
“O que eu quero é ajudar a construir”, referiu, salientando que as “contas políticas” são tratadas “noutro lado”.
Sobre os desacatos, a atuação policial e as acusações de racismo, assuntos amplamente debatidos ao longo da semana passada, e que motivaram inclusivamente uma manifestação no Seixal, Santana Lopes defendeu que, “se alguém exagera, seja do lado da população, seja do lado das forças de segurança, deve-se agir em conformidade”.
Mas, na opinião do líder da Aliança, é necessário “tirar o debate desse prisma que radicaliza, acirra ódios”.
Pedro Santana Lopes considerou, contudo, que o assunto tem sido usado como matéria de ataque político.
“Eu acho que sim, às vezes a democracia é feita assim”, referiu.
Santana Lopes disse que ouviu o primeiro-ministro, António Costa, bem como os líderes dos partidos falarem sobre o assunto, mas escusou-se a comentar “quem esteve menos feliz”.
“Acho que se escreveu muito e se disse muito. E de quem fez intervenções extremadas, nomeadamente o caso do Bloco de Esquerda”, afirmou, apontando que a “obrigação de um responsável político” é “medir a gravidade do que se passou”, aferir “se há alguma razão para punição ou não, e principalmente resolver o problema”.
“Falam, falam, falam, como dizia o Ricardo Araújo Pereira, mas resolver… E quem passa pela experiência de autarca, aprende ainda mais que o que é preciso é resolver, mas também é preciso saber resolver”, destacou.
Sobre o facto de ainda nenhum representante do Governo ter ido publicamente ao local depois do dia 20, Santana Lopes foi taxativo: “cada um sabe de si”.
[Notícia atualizada às 15h08 - Inclui declarações adicionais de Santa Lopes]
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