Segundo os números da câmara de Santo Tirso, devido ao incêndio morreram carbonizados cerca de meia centena de animais, especialmente cães, com populares a acusarem a GNR de ter impedido a entrada no local e a GNR a dizer que foram salvos os animais que foi possível e que impediu a entrada de pessoas por uma questão de segurança.
O tema suscitou muita polémica no domingo e envolveu declarações da autarquia, de partidos políticos e de organizações de defesa dos animais.
Em comunicado, o município presidido pelo socialista Alberto Costa informou que, no domingo, implementou um plano para o realojamento dos 190 animais vivos que se encontravam nos dois abrigos: “Cantinho das Quatro Patas” e o “Abrigo de Paredes”.
Segundo a autarquia, 113 animais foram realojados em canis municipais e associações e os restantes 77 foram acolhidos por particulares.
"A Câmara Municipal de Santo Tirso irá disponibilizar a todas as associações e aos particulares que acolheram os animais daqueles abrigos a vacinação e esterilização dos animais", lê-se no comunicado.
O município adianta ainda que durante o dia de hoje "será feita uma vigilância em toda a área envolvente dos dois abrigos de animais, no sentido de encontrar outros animais que não tenham sido realojados".
"Relativamente aos animais que morreram em virtude do incêndio que deflagrou no sábado, a Câmara Municipal de Santo Tirso também já recolheu os corpos que foram transferidos para o PET Nordeste", acrescenta.
Num comunicado divulgado durante a tarde de domingo, a autarquia revelou que morreram 54 animais, dos quais 52 cães e dois gatos, e que apenas pôde executar o plano de retirada durante esse dia “porque não estavam, de acordo com as autoridades de proteção civil, reunidas as condições de segurança para o realojamento dos animais durante a madrugada”.
A GNR afirmou no domingo que a morte de animais no incêndio em Santo Tirso não se deveu ao facto de ter impedido o acesso ao local de populares, mas à dimensão do fogo e à quantidade de animais.
“É importante salientar que as consequências trágicas deste fogo não tiveram qualquer correspondência com o facto de a Guarda ter impedido o acesso ao local por parte dos populares. A essa hora, já tinham sido salvos os animais que foi possível salvar”, explicou a GNR, em comunicado.
O PAN informou que apresentou queixa ao Ministério Público por “crime contra animais de companhia” e pedirá esclarecimentos ao ministro da Administração Interna sobre a morte de dezenas de animais na sequência do incêndio.
O Bloco de Esquerda, por seu turno, anunciou que quer explicações dos ministros da Administração Interna e da Agricultura no parlamento, bem como da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), sobre a situação.
Uma petição a pedir “justiça pela falta de prestação de auxílio aos animais do canil cantinho 4 patas em Santo Tirso” reuniu, até às 01:00 de hoje, mais de 103 mil assinaturas.
A associação Animal solicitou ao Governo e ao parlamento que sejam apuradas responsabilidades no caso das mortes de animais naquele abrigo particular em Santo Tirso.
Lançada no domingo, a petição pede justiça em relação aos maus tratos aos animais que estavam naquele canil, atingido pelas chamas.
Afirma-se que agentes da GNR e a proprietária do terreno impediram que os animais fossem salvos enquanto ainda era possível.
“Esta situação não pode ficar impune”, diz-se no texto da petição, acrescentando-se a seguir que os animais têm direitos e houve uma “negação de auxílio à vida”, sem que a GNR ou a proprietária do terreno tivessem feito algo para salvar os animais e sem que deixassem que fossem socorridos.
A GNR e a proprietária ficaram “indiferentes ao sofrimento” dos animais e devem ser julgados e punidos “pelos crimes de maus tratos aos animais de companhia, negligência e falta de auxílio”, diz o texto.
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