O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e o Instituto Espanhol de Oceanografia (IEO) iniciaram, em 2018, uma nova campanha de avaliação do recrutamento de sardinha em águas ibéricas “para aumentar a precisão da estimativa do ‘stock’ e desenvolver uma melhor gestão da espécie” nos dois países.
A campanha do ano passado estimou um recrutamento de biomassa de cerca de 101 mil toneladas, "um dos melhores dos últimos 15 anos", resultado que foi parcialmente confirmado na campanha da primavera nas águas portuguesas, apontou hoje, em comunicado, o Ministério da Ciência e Inovação de Espanha.
O resultado foi apenas parcial, tendo em conta que, em Espanha, não foi possível realizar a campanha de março devido à pandemia de covid-19.
De acordo com o executivo espanhol, a campanha de setembro, bem como os resultados avaliados no grupo do trabalho do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (CIEM), permitiu apurar informações “animadoras”, confirmando-se o nível de recrutamento de 2019 e projetando que o recrutamento para 2020 será de 136 mil toneladas, superior ao do ano anterior.
“Se esta estimativa se confirmar, estaremos perante uma situação de franca melhoria nestes últimos dois anos, tendo que recuar até ao início do século para observar uma situação semelhante a nível de recrutamento”, sublinhou.
As próximas campanhas dos dois institutos vão confirmar se o nível de recrutamento acompanhou esta estimativa.
A Associação Nacional de Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (ANOPCerco) congratulou-se, em comunicado, com estes resultados, sublinhando que abrem “muito boas perspetivas para aumentar, de uma forma sustentável, as possibilidades de pesca de sardinha” nos próximos anos.
Para a associação, os dados contrariam “as desgraças que alguns profetas vaticinaram”, não reconhecendo os esforços das medidas de contenção.
“Estes dados são de tal forma positivos e animadores que não sobram nenhumas dúvidas sobre as possibilidades de pesca de sardinha a partir do ano de 2021. Elas terão de ser devidamente ajustadas a esta realidade agora evidenciada pela comunidade científica, mas que o setor já tinha demonstrado existir há mais de dois anos”, concluiu.
A captura e descarga de sardinha está proibida desde 10 de outubro, conforme foi determinado pelo Governo português.
Em 08 de outubro, o despacho da secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho, determinou a interdição "captura, manutenção a bordo e descarga de sardinha, a partir das 0:00 horas do dia 10 de outubro de 2020, com qualquer arte de pesca".
Segundo o diploma, a captura de sardinha atingiu o limite fixado para este ano pelo Governo, tendo em conta o acordado com Espanha no Plano Plurianual para a Gestão e Recuperação da Sardinha 2018-2023, visando esta decisão reforçar as medidas de conservação e proteção da espécie.
A pesca da sardinha tinha reaberto este ano em 01 de junho, com limites de captura diários e semanais, depois de ter sido encerrada em 12 de outubro do ano passado.
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