“Gostaria que a minha família política [Republicanos, direita conservadora] trabalhasse no sentido de nomear um primeiro-ministro de direita, em vez de ceder à opção fácil de nomear alguém de esquerda”, disse Nicolas Sarkozy numa entrevista ao diário Le Figaro.
Para Sarkozy, “a França é de direita” e o Presidente francês, Emmanuel Macron, “tem razão” ao excluir a possibilidade de nomear alguém da coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP), que venceu as eleições legislativas sem maioria, ao alegar que não teria apoio suficiente na Assembleia Nacional.
Sarkozy reconheceu ainda que “não existe uma solução ideal”, apelando a “todos os partidos do governo” – excluindo a União Nacional (RN, extrema-direita) e a França Insubmissa (LFI, esquerda radical) – a colocarem “de lado os seus interesses partidários imediatos”, para que possa existir um acordo sobre “um pacto legislativo” a implementar.
“A direita deve assumir a responsabilidade de governar”, acrescentou.
Quanto a possíveis nomes, sugeriu que o presidente do Altos de França, Xavier Bertrand, pode ser “uma boa escolha”.
Para além disso, Sarkozy excluiu o nome do antigo primeiro-ministro socialista Bernard Cazeneuve (2016-2017), que, apesar da sua “qualidade”, está demasiado ligado ao período do ex-Presidente François Hollande e porque, atualmente, o “centro de gravidade” da política francesa deslocou-se “para a direita”.
Nicolas Sarkozy também aproveitou a ocasião para criticar o Partido Socialista, que considera ser “prisioneiro” da LFI, quando os dois partidos estão juntos na NFP, juntamente com os comunistas e os ecologistas.
Nos últimos dias, a LFI e o Partido Socialista têm divergido nas mensagens e nas medidas para fazer face ao veto de Macron, com alguns deputados socialistas a quererem que os seus representantes reunissem novamente com o Presidente francês, contrariando a recusa dos representantes da NFP.
O fundador da LFI e antigo candidato ao Eliseu, Jean-Luc Mélenchon, afirmou que “a gravidade do momento exige mais sangue-frio” do que o demonstrado por Sarkozy, que censurou por dizer que a NFP “é de extrema-esquerda e não quer governar” e por ter alertado para um possível “golpe de Estado”.
Emmanuel Macron iniciou esta semana uma nova ronda de reuniões com os representantes de vários grupos políticos, com exceção do RN e da NFP, mas até agora não há indícios de um consenso para formalizar a nomeação de um novo primeiro-ministro.
Na quarta-feira, a reunião de Macron com os líderes Republicanos foi classificada pelos mesmos como “dececionante”, referindo que o Presidente não mostrou “qualquer posição nova” ou “alguma visão” para o futuro.
Na quinta-feira, durante uma visita oficial à Sérvia, o Presidente francês declarou que se pronunciará sobre a nomeação “no momento oportuno” e disse estar a procurar “a melhor solução para o país”.
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