Em 2022 as empresas portuguesas perderam mais 2,3 mil milhões de euros, motivados pelos problemas de saúde mental dos seus trabalhadores, do que em 2020. O mais recente estudo da Ordem dos Psicólogos regista este e outros dados que põem a nu o impacto de um problema de saúde mental crescente no país.
Se em 2020 os trabalhadores portugueses faltavam em média 6,2 dias por stress e problemas de saúde psicológica, em 2022 totalizaram 8 dias em média. Mas não são só as faltas que têm influência direta na produtividade das empresas, este tipo de perturbações no âmbito laboral leva também ao aumento do fenómeno do presentismo. No ano passado houve um total de 15,8 dias em que os trabalhadores portugueses marcaram presença no local de trabalho sem produzir, mais 3,4 dias que em 2020.
Cada vez mais há conhecimento dos termos e das patologias que giram em torno da saúde mental dos portugueses. Depressão, burnout, stress, ansiedade, entre outros, passaram a fazer parte do léxico diário, mas, pior, passaram também a fazer parte do dia-a-dia dos portugueses e, agora com certeza, da vida económica do país. Diz o relatório da Ordem dos Psicólogos que o problema tem mais expressão em pequenas e médias empresas que nas grandes. Tendo as primeiras perdido mais 3,1 mil milhões de euros que as segundas, no total 5,3 mil milhões. E, feitas as contas, estão apenas listados os custos indiretos. Os relatores alertam para o facto de “os custos directos do stress e problemas de Saúde Psicológica no trabalho não estarem contabilizados, bem como diversos Riscos Psicossociais (tais como os conflitos laborais).”.
O estudo surge meses depois de o Ministro da Saúde ter dito, no fim do ano passado, que as questões de saúde mental deveriam deixar de ser um tabu e ter anunciado que esta área tem prioridade no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), estando inscritos 88 milhões de euros de investimento público.
A Ordem dos Psicólogos, que usou dados do INE, PORDATA e NOVA Information Management School, alerta ainda para o facto dos custos elencados poderem ser mitigados apenas com “investimento na construção de Locais de Trabalho Saudáveis, criadores de Saúde Psicológica e bem-estar, nomeadamente através da avaliação, prevenção e intervenção nos Riscos Psicossociais que afectam o trabalho e os trabalhadores.” Este simples ato pode reduzir as perdas de produtividade em 30%, poupando às empresas 1,6 mil milhões de euros por ano.
Num país em que dois em cada cinco trabalhadores lidaram com problemas de saude mental, mais 27% que a média da União Europeia, urge criar locais de trabalho seguros, sendo “o retorno sobre o investimento em Saúde Psicológica de 5€ por cada 1€ investido.”
O relatório deixa algumas sugestões que as empresas podem por em prática, que passam por envolver psicólogos no ambiente de trabalho, desenvolver programas e procedimentos internos de aferição, avaliação e ação. Assim como criar ambientes de inclusão, igualdade e diversidade, no fundo espaços seguros onde a saúde mental é prioridade e faz parte do diálogo.
(Notícia corrigida às 15h15: alterado título)
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