Publicado no New England Journal of Medicine, o estudo envolveu 12.000 adultos obesos ou com excesso de peso e durou cerca de três anos e meio. Ao longo deste período, foram prescritas duas doses de 10 mg de Lorcaserin por dia a uma parte do grupo, enquanto à outra foram dados placebos.
A investigação refere que o medicamento atua ao estimular químicos no cérebro que proporcionam uma sensação de saciedade, reduzindo o apetite.
O estudo chegou à conclusão que, ao fim de um ano, 38,7% dos pacientes sujeitos à medicação tinham perdido pelo menos 5% do seu peso, em comparação a apenas 17,4% no grupo dos placebos. Ao fim de 40 meses, esta progressão saldou-se numa média de 4 quilos perdidos. Entre os pacientes diagnosticados com pré-diabetes, foram registados 8,5% de novos casos de diabetes no grupo que tomou Lorcaserin e 10,3% de novos casos no grupo que tomou apenas o placebo.
Contudo, o mais importante para os investigadores foi perceber que esta substância não causa danos ao coração, algo que tem sido um dos problemas crónicos da medicação para emagrecer.
Para comprová-lo, fizeram-se testes às válvulas cardíacas a 3270 dos participantes que tomaram Lorcaserin e não foram encontradas alterações significativas em relação àquelas pertencentes a quem não tomou o medicamento.
Ficam por apurar os efeitos secundários na saúde mental, outro dos problemas associados à medicação para perder peso. Comportamentos ou pensamentos suicidas foram identificados em 21 pessoas que tomaram Lorcarsein, por oposição a 11 a quem foi administrado o placebo. Contudo, como quem tomou o medicamento já tinha um historial de depressão, pelo que não se puderam apurar conclusões mais definitivas.
O estudo foi liderado pela Dra. Erin Bohula, especialista cardiovascular no Brigham and Women’s Hospital, localizado junto à Escola de Medicina da Universidade de Harvard. Segundo Bohula, entrevistada pelo Guardian, vários “pacientes e os seus médicos têm estado nervosos quanto a usar medicamentos para tratar obesidade e com razão. Há um historial desta medicação trazer sérias complicações”.
Apesar dos resultados encorajadores do medicamento, os especialistas não deixam de ressalvar a importância de mudar hábitos de saúde e de alimentação para chegar a uma perda de peso efetiva.
Esta medicação está disponível desde 2013 nos Estados Unidos sob o nome Belviq, custando entre 220 e 290 dólares (entre aproximadamente 189 e 249 euros) por mês, mas ainda não foi aprovada na Europa.
Para ser comercializado a nível europeu este medicamento tem passar pelo crivo da Agência Europeia do Medicamento. A nível nacional, o organismo regulador é o Infarmed, que opera sob a superintendência do Ministério da Saúde português.
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