A informação foi confirmada à agência Lusa por Bernardo Alvares, um dos voluntários do Seara – Centro de Apoio Mútuo de Santa Bárbara, que explicou que algumas pessoas “que pertenciam ao coletivo que estava a gerir o espaço” tentaram entrar no edifício, mas que o fizeram “de forma pacífica”.
O voluntário acrescentou que viu duas pessoas ficarem feridas por causa de “uma investida” da polícia quando estavam a tentar entrar no edifício. Essas duas pessoas, segundo Bernardo Alvares, “seguiram numa ambulância” para uma unidade de saúde.
As pessoas começaram, entretanto, a sair do centro de apoio a carenciados e “estão a ser identificadas” pela PSP, acrescentou o voluntário.
Questionado sobre quanto tempo é que estas pessoas pretendem continuar a manifestar-se contra o despejo que decorreu na madrugada de hoje, Bernardo Alvares referiu que se gerou “uma manifestação espontânea” e, por isso, vão continuar no local.
Contactada pela Lusa, o porta-voz do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP, comissário Artur Serafim, referiu que três agentes ficaram feridos, assim como, pelo menos, duas pessoas, mas foram todos “assistidos no local”.
A polícia explicou que algumas pessoas “descobriram uma entrada lateral” do edifício e “forçaram a entrada” para abrir as portas às restantes pessoas que aguardavam no exterior.
O voluntário contactado pela Lusa disse, no entanto, que tal não aconteceu.
Os feridos, explicou a PSP, resultaram da tentativa de entrada no edifício e da ação da polícia para o impedir.
Os elementos destacados vão continuar “a aguardar no local”, porque este “vai ser um jogo de paciência”, considerou o porta-voz do Cometlis.
Três pessoas vão permanecer no centro de apoio a carenciados, em Arroios, Lisboa, que foi alvo de um despejo durante a madrugada de hoje, depois de terem chegado a um entendimento com os proprietários do edifício, indicou a PSP.
De acordo com fonte da PSP, as três pessoas vão poder continuar no Seara – Centro de Apoio Mútuo de Santa Bárbara, após um acordo, sendo que o acesso ao edifício ficará “vedado a outros”.
Entretanto, a PSP não soube precisar por quanto mais tempo as pessoas irão ficar naquele lugar, adiantando que a Proteção Civil disse que podiam “pernoitar lá esta noite”.
Com cerca de 12 elementos no local, a PSP acrescentou que os advogados dos proprietários e dos “ocupantes” estiveram dentro edifício, bem como cerca de uma dezena de seguranças.
Cerca de uma dezena de seguranças privados entraram às 05:00 de hoje naquele centro de apoio a carenciados, para tentar despejar as pessoas que ali se encontravam, porque o espaço foi ocupado ilegalmente.
Os responsáveis pelo centro chamaram a PSP, que se dirigiu ao local e montou cordão policial.
“Está um perímetro de segurança [da PSP] à porta”, referiu à Lusa o voluntário no centro, Bernardo Alvarez, adiantando que os proprietários estão a “cortar a água e a luz”.
No local, a Lusa constatou que há pertences de pessoas no passeio e que o ambiente está calmo.
O Seara – Centro de Apoio Mútuo de Santa Bárbara, em Arroios, foi criado por um grupo de pessoas que ocupou um antigo infantário abandonado e o transformou num centro de apoio de ajuda a pessoas carenciadas, incluindo sem-abrigo.
Quando ocuparam o espaço, os voluntários não sabiam quem eram os proprietários do imóvel, mas mais tarde descobriram que foi vendido a uma empresa de imobiliário e depois em parcelas a três pessoas que vivem no estrangeiro.
Os voluntários enviaram correios eletrónicos a várias entidades, entre as quais a Câmara Municipal de Lisboa e a PSP, a informar de que iriam ocupar o espaço e os motivos.
Hoje, pelas 05:00, foram alvo de um despejo.
A agência Lusa tentou contactar a empresa de segurança, mas ainda não foi possível obter um comentário.
*Artigo atualizado às 21h51
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