“Não só começamos a ficar apreensivos como relembramos que no ano passado, por esta altura, estávamos autenticamente com a corda na garganta, com o país todo em seca extrema”, afirmou Eduardo Oliveira e Sousa, em declarações aos jornalistas em Portalegre, no Alto Alentejo.
O responsável, que falava após uma reunião do Conselho Consultivo do Alto Alentejo da CAP, recordou que, durante o período de seca, em 2018, a confederação reivindicou a criação de um grupo de trabalho “permanente e multidisciplinar” para estudar o fenómeno das alterações climáticas.
“Na altura, a CAP dizia que precisamos de ter um grupo de trabalho permanente, não é depois de chover dissolver o grupo de trabalho. Precisamos de ter um grupo de trabalho permanente e multidisciplinar que vá percebendo o que é este fenómeno das alterações climáticas e como é que nós aprendemos a viver e a combater os fenómenos que estão ligados às alterações climáticas”, disse.
Segundo Eduardo Oliveira e Sousa, essa comissão “nunca foi criada com esta premência”, tendo sido constituído “um grupo” que realizou “algum trabalho” durante a seca de 2018.
Alertando que Portugal vai viver, no futuro, uma realidade diferente no que diz respeito ao clima, o presidente da CAP considerou ser “fundamental” que o Governo se “capacite” que a atividade agrícola é o principal meio de sobrevivência de várias regiões.
“É fundamental que o Governo se capacite que as alterações climáticas na região interior do país, onde a agricultura é uma atividade importante, têm relevância e impacto na economia e na estabilidade das pessoas. Isso tem de ser feito com base numa equipa que esteja permanentemente a olhar para estes problemas”, declarou.
Portugal continental estava no final de dezembro de 2018 em seca meteorológica fraca a sul do Tejo devido aos baixos valores de precipitação registados naquele mês, classificado como quente e muito seco, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
De acordo com índice meteorológico de seca (PDSI) disponível no ‘site’ do IPMA, a 31 de dezembro, 53,3% do território estava na classe de seca fraca, 13,7% na classe normal e 33% na classe de chuva fraca.
A 30 de novembro, 9,8% do território estava na classe normal, 89,6% em chuva fraca e 0,6% em seca moderada.
O IPMA classifica em nove classes o índice meteorológico de seca, que varia entre “chuva extrema” e “seca extrema”.
Segundo o Boletim Climatológico do IPMA, o mês de dezembro em Portugal Continental classificou-se como quente em relação à temperatura do ar e muito seco em relação à precipitação.
O valor médio da temperatura média do ar (10,58 graus Celsius) foi superior ao normal, sendo o 3.º valor mais alto desde 2000.
O IPMA indica também que valores da temperatura média superiores aos registados a dezembro de 2018 ocorreram em cerca de 20% dos anos, desde 1931.
“O valor médio da temperatura máxima do ar, 15,21 graus, foi superior ao normal, sendo o 3.º valor mais alto desde 1931 (maiores valores em 2015 e 2016)”.
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