Carlos Martins sai do Governo depois de ter sido noticiado, na quarta-feira, que nomeou o primo Armindo Alves para adjunto do gabinete. Armindo Alves já se tinha demitido na quarta-feira.
Em comunicado, o Ministério do Ambiente cita uma carta enviada por Carlos Martins, na qual afirma: “Estou em missão de trabalho no estrangeiro [na Costa Rica] e tomei conhecimento da polémica em torno da nomeação de um membro da equipa do meu gabinete. Ao longo destes anos, enquanto Secretário de Estado do Ambiente, agi sempre por critérios de boa-fé e procurei dar o meu melhor para atingir os objetivos do Governo e do Ministério do Ambiente e da Transição Energética"
"Entendo que o assunto pode prejudicar o Governo, o Partido Socialista e o senhor Primeiro-Ministro. Com a mesma honra que determinou a minha aceitação de funções governativas, entendo, nesta hora, pedir a minha demissão ao senhor Primeiro-Ministro e ao senhor ministro”, lê-se ainda na nota.
A demissão foi aceite pelo Ministro e pelo Primeiro-Ministro e surge após a polémica nomeação do seu primo para as funções de adjunto do gabinete, tornada pública na quarta-feira pelo jornal Observador.
Após a polémica, fonte governamental disse à Lusa que o ministro do Ambiente só tomou conhecimento na terça-feira da relação familiar entre Carlos Martins e Armindo Alves.
Numa nota enviada às redações, depois de ser conhecida a demissão, o ministro do Ambiente e da Transição Energética agradece o "empenho profissional e político" de Carlos Martins e destaca o trabalho por ele desenvolvido ao longo de mais de três anos em funções.
"De entre estes, devem destacar-se o processo de fusão dos sistemas municipais de gestão de águas, os novos planos de gestão de recursos hídricos, a condução do processo de adaptação do território às alterações climáticas e uma nova política de gestão para os resíduos sólidos urbanos, fundada nos princípios da economia circular", escreve.
Matos Fernandes sublinha que, "no contexto das políticas do Ministério, a ação generosa e esclarecida do Carlos Martins foi de importância capital”, referindo que deixa um legado de futuro que o Governo irá “continuar, desenvolver e aprofundar".
Armindo Alves pediu a exoneração de funções logo que se soube da notícia, acrescentou a fonte do executivo.
Estas saídas do Governo aconteceram numa altura em que a oposição questiona as relações familiares entre membros do executivo.
Fernando Negrão, líder parlamentar do PDS, em declarações à RTP, tinha pedido esta quinta-feira a demissão do Secretário de Estado. "O secretário de Estado devia demitir-se, fez uma coisa que não devia ter feito", afirmou Fernando Negrão.
Já Marcelo Rebelo de Sousa se recusou a comentar a demissão. “Não comento. Vim para outra missão. Mais tarde”, afirmou aos jornalistas o Presidente da República, quando questionado acerca do pedido.
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