“A Fidelidade daqui a uns anos não vai ser uma seguradora, vai ser uma prestadora de serviços de conveniência aos clientes”, declarou o responsável, que falava em Lisboa na conferência "Banca & Seguros: O Futuro do Dinheiro", organizada pelos meios TSF e Dinheiro Vivo e pelas empresas Iberinform Crédito y Caución e Sage.
Por isso, “estamos a acabar de comprar cinco agências funerárias e vamos comprar muitas mais”, acrescentou o responsável.
De acordo com Jorge Magalhães Correia, isso inclui-se na estratégia da seguradora, que está a “realizar parcerias para criar toda uma cadeia de valor”.
“Vejo a Fidelidade como uma empresa de seguros, assente em tecnologia, que cria cadeias de valor e ecossistemas. Estamos nesse caminho”, vincou o presidente daquela companhia.
E acrescentou: “Não queremos fazer o seguro de trabalho de uma empresa, queremos é cuidar da força laboral da empresa”.
Num debate sobre “os desafios da digitalização para os seguros e para os novos ‘players’ [operadores] financeiros”, Jorge Magalhães Correia falou também no novo regulamento de dados, que entra em vigor em Portugal na próxima semana.
“Vemos a proteção de dados como uma vantagem competitiva” e como um “elemento importante, não nos queixamos, apesar de o regulamento ter exigências e especificidades, nomeadamente no domínio da saúde, que têm de ser acauteladas”, disse.
Contudo, “não podemos cair na ingenuidade”, realçou.
“Se os dados existem, alguém os tratará. E se a lei tem restrições, alguém os vai tratar fora deste enquadramento” legal, indicou, adiantando que “não se pode achar que os dados vão ficar à porta das companhias”, dada a nova legislação.
Como exemplo, o responsável referiu que “os operadores asiáticos e americanos não estão sujeitos” a tal regulação europeia.
O Regulamento Geral de Proteção de Dados, que entra em vigor em 25 de maio, vai exigir que as empresas da União Europeia que lidem com o tratamento ou armazenamento de dados pessoais prestem informação sobre o tratamento, conservação e transferência desses mesmos dados.
As regras europeias preveem multas até 20 milhões de euros ou 4% do volume de negócios a grandes empresas no caso de infrações à lei consideradas contraordenações muito graves.
José Gomes, presidente executivo da Não Vida, Agentes e Corretores do Grupo AGEAS Portugal, apontou, na sua intervenção, a “baixa penetração de seguros nos particulares e nas empresas”, vincando a necessidade de criar uma “maior sensibilização”.
Nesse âmbito, o vice-presidente da Real Vida Seguros, Joaquim Branco, falou na necessidade de “captar e atrair os millennials’”, isto é, jovens da geração da internet.
Por seu lado, o presidente executivo da Tranquilidade, Jan de Pooter, notou os “grandes desafios” que a fusão com a Açoreana trouxe, e vincou a necessidade de criar uma “experiência cada vez mais personalizada”.
Já José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguros (APS), ressalvou que a digitalização do setor não será “assim tão imediata”, existindo “passos a dar na adoção das tecnologias e relativamente à base de dados”.
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