Segundo informação avançada pelo Jornal de Negócios, o presidente da comissão parlamentar de inquérito à TAP, Jorge Seguro Sanches, abandonou os trabalhos que estavam a decorrer esta terça-feira. O socialista referiu ainda que, face às críticas e acusações que tem recebido, vai equacionar se vai permanecer ou não no cargo.
A discussão centrou-se na grelha de tempo. As primeiras seis audições tiveram uma grelha “normal”, na qual os deputados tiveram nove e oito minutos para fazer perguntas, e as restantes tiveram uma grelha reduzida, com três minutos. Os deputados ressalvaram a importância das personalidades ouvidas esta semana, e pediram uma grelha mais longa: “Esta grelha não serve, as grelhas devem ser mais alargadas. É imprudente, inadequado”, defendeu Paulo Moniz (PSD).
Na mesma linha, Mariana Mortágua (BE) manifestou o desagrado por esta e as próximas audições terem grelha curta e disse que os três minutos não chegam para todas as perguntas que quer colocar a Humberto Pedrosa na primeira ronda. Bruno Dias do PCP manifestou “estupefação e incredibilidade” e afirmou não se recordar de rondas de apenas três minutos para perguntas em outras comissões de inquérito. Apenas o PS concordou com a grelha curta para a maioria das audições. Bruno Aragão (PS) lembrou que das 28 audições já realizadas, só seis tiveram uma grelha longa.
Antes de abandonar, Seguro Sanches lembrou, que a ordem de trabalho das audições foi distribuída a 4 de maio e questiona: “Havia tempo para chamar atenção, há sempre tantos requerimentos. Porque não houve requerimentos?” Reafirma que não lhe parece que alterar uma grelha de tempo que já foi comunicada aos depoentes dignifique os trabalhos da AR.
Para Seguro Sanches, face às perguntas que têm sido colocadas, algumas até "deselegantes, tenho de equacionar se tenho condições para continuar a presidir à comissão de inquérito à TAP", referiu, levantando-se e abandonando a sala para surpresa dos presentes, indicando contudo que estará presente na reunião da comissão de coordenadores marcada para esta noite para discutir este tema. A conduzir os trabalhos ficou o vice-presidente Paulo Rios de Oliviera, do PSD. De momento está a ser ouvido Humberto Pedrosa, antigo acionista e administrador da companhia aérea.
A proposta para avançar com a comissão de inquérito foi feita pelo Bloco de Esquerda e foi aprovada, com a abstenção do PS e PCP e os votos a favor dos restantes partidos, após ter sido noticiado que Alexandra Reis tinha recebido uma indemnização de 500 mil euros quando saiu da TAP em Fevereiro de 2022.
Atualizado 19h10
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