A comissão terá uma duração inicial de 90 dias e os membros pretendem visitar os locais onde deflagraram os maiores fogos na região. Mato Grosso (centro-oeste do Brasil) foi o primeiro estado escolhido para a viagem, programada para sábado.
O senador Wellington Fagundes, do Partido Liberal (PL), foi eleito presidente da comissão especial externa, e o senador Nelsinho Trad, do Partido Social Democrático (PSD), será o relator. Também integram o grupo as senadoras Simone Tebet, do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), e Soraya Thronicke, do Partido Social Liberal (PSL).
Wellington Fagundes aproveitou a formação da comissão para apelar a uma mobilização do poder público, de toda a sociedade brasileira e da comunidade internacional “para salvar o Pantanal, vidas humanas e a fauna e flora” da região.
O senador indicou ainda que a comissão pretende trabalhar para criar um “Estatuto do Pantanal”.
“Queremos uma grande parceria. Vamos buscar soluções para a preservação do Pantanal. Precisamos estar unidos para levar o nosso país a um novo patamar da civilização, e isso passa necessariamente pela preservação e pela exploração racional do nosso querido e amado Pantanal. Antes, porém, precisamos salvá-lo”, afirmou o presidente da comissão.
A expectativa da comissão é de acompanhar o orçamento e as ações que estão a ser tomadas pelo executivo, debater ideias para cuidar do meio ambiente brasileiro, e prevenir novos incêndios através da criação de mecanismos de prevenção.
O Pantanal brasileiro, considerada a zona mais húmida do planeta, atravessa uma situação preocupante, ao enfrentar os piores incêndios das últimas duas décadas na região e a seca mais intensa dos últimos 60 anos
Neste ecossistema, já foram registados 10.153 incêndios entre janeiro e agosto, o que representa um aumento de 221% em relação ao mesmo período do ano passado.
Situado na região centro-oeste, no sul da Amazónia, o Pantanal é uma planície que tem 80% da área inundada na estação chuvosa e é considerado um santuário onde ainda se encontra preservada uma fauna extremamente rica, que inclui jacarés, arara-azul ou onças-pintadas, espécie classificada como “quase ameaçada” de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza.
Especialistas indicaram que o aumento das chamas na zona húmida do Pantanal se deve ao aumento da desflorestação ilegal, que aumenta todos os anos, causando uma série de mudanças climáticas, como a alteração do ciclo natural das chuvas.
Este ano não choveu o suficiente durante a temporada, o que baixou os níveis de humidade do Pantanal para os menores índices dos últimos anos.
Face aos fortes incêndios na região, e que já mataram numerosos animais, as autoridades estaduais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul decretaram, esta semana, o estado de calamidade e de emergência, respetivamente.
A senadora Soraya Thronicke sublinhou que, além das questões ambientais, os incêndios trazem prejuízo económico para os estados da região e para o país. A política lembrou que o Pantanal já foi declarado Património Natural Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
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