O Senado, em que os democratas têm maioria, aprovou o projeto com 21 votos a favor e 17 contra, um resultado que dividiu a linha dos partidos sobre o tema e foi entendido como um obstáculo à medida.
Os defensores do projetos esperam agora que a versão que vai ser votada na Câmara seja facilmente aprovada, sabendo-se que o governador Ralph Northan, democrata, apoia o projeto.
A votação foi seguida de um longo e fortemente emotivo debate, com o senador democrata Scott Surovell, um dos defensores do projeto, a sublinhar que não consegue pensar em “nada mais terrível, indescritível e errado para um governo fazer do que usar o seu poder para executar alguém que não cometeu o crime de que é acusado”.
“O problema da pena de morte é que uma vez aplicada, não pode ser revertida, não se pode voltar atrás”, precisou.
Os democratas expressaram também preocupação sobre as disparidades raciais na aplicação da pena de morte e indicaram estudos que mostram que a medida penal não impede que sejam cometidos crimes.
Os republicanos, por seu lado, pediram que o projeto seja chumbado, alegando que o fim da pena de morte retiraria às famílias das vítimas a hipótese de verem ser feita justiça, e mostrando preocupação com o facto de que pessoas condenadas por homicídios hediondos pudessem ser elegíveis para liberdade condicional.
O senador republicano Bill Stanley, que numa fase inicial se mostrou favorável à medida, juntou-se aos críticos do seu partido, depois de ter visto os democratas recusarem alterar o projeto, incluindo uma proposta sua que visava garantir que as pessoas condenadas por homicídio qualificado nunca poderiam ser libertadas.
“Isto poderia ter surgido hoje como um esforço dos dois partidos para acabar com a pena de morte. Em vez disso, é o esforço de um partido”, referiu o senador republicano que acabou por não votar.
Durante o debate, a democrata Jane Howell começou por lembrar que costumava ser uma “fervorosa” defensora da pena de morte, posição que mudou após o assassinato do seu sogro. Num testemunho emocionado, Howell descreveu a forma como esta morte afetou a sua família e de como o castigo que o homicida devia enfrentar se tornou um fator de discordância.
“Não compro a ideia de que apoiamos a pena de morte em benefício das famílias das vítimas. Não é assim que funciona. Acreditem, não é assim que funciona”, precisou.
Em quatro séculos a Virgínia executou quase 1.400 pessoas, mais do que qualquer outro estado dos Estados Unidos, segundo o Centro de Informações sobre a Pena de Morte. Nos últimos anos, e devido ao restabelecimento da pena de morte pelo Supremo Tribunal, em 1976, apenas o Texas ultrapassa a Virgínia no número de execuções.
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