“A memória é relevante” e serve para recordar o passado, lidar com o presente e também para prever o futuro, disse António Damásio na sua conferência na cimeira internacional sobre o Alzheimer que hoje termina na Fundação Champalimaud, em Lisboa.
O neurocientista e investigador português, que trabalha numa universidade norte-americana, ressalvou que não se trata naturalmente de prever ou antever o futuro no sentido astrológico do termo, mas antes no sentido de predizer o que vai acontecer “momento a momento”.
“Antecipar o futuro é um dos aspetos especiais da nossa condição humana”, considerou, entendendo mesmo que a consciência e a memória são “glórias” da humanidade.
Sobre os doentes de Alzheimer, o neurocientista sublinhou que são pessoas capazes de continuar um processo de aprendizagem, adquirindo novos conhecimentos motores e práticos mesmo não conseguindo manter memórias.
Para António Damásio, significa isto que “há várias coisas para explorar” em doentes com Alzheimer, que “continuam a ter capacidade de aprender coisas”.
Mais de 80 especialistas mundiais debateram em Lisboa a doença de Alzheimer e as demências de forma global, problema que afeta cerca de 50 milhões de pessoas no mundo.
A cimeira internacional “Alzheimer’s Global Summit”, que decorreu esta semana em Lisboa, foi organizada pela Fundação Champalimaud e pela Fundação Rainha Sofia, de Espanha.
O objetivo do encontro foi discutir e partilhar os recentes progressos em duas áreas distintas, mas complementares: a da intervenção terapêutica e a área de investigação sobre doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, Huntington e Parkinson.
A crise global da demência afeta mais de 50 milhões de pessoas no mundo e, até 2050, estima-se que este número possa quase triplicar.
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