O regresso de tropas de Belgrado à antiga província servia pode aumentar dramaticamente as tensões naquela região dos Balcãs.

Autoridades sérvias referem que a resolução da ONU que encerrou formalmente a repressão sangrenta do país contra a maioria dos separatistas albaneses do Kosovo, em 1999, permite que cerca de 1.000 soldados sérvios regressem ao Kosovo. A NATO bombardeou a Sérvia para acabar com a guerra e expulsar as suas tropas de Kosovo, que declarou independência em 2008.

As forças de paz lideradas pela Aliança Atlântica, que trabalham no Kosovo desde a guerra, teriam que dar luz verde para as tropas sérvias poderem deslocar-se para lá, situação altamente improvável porque significaria, de facto, entregar a segurança das regiões do norte povoadas por sérvios do Kosovo às forças sérvias, noticiou a agência Associated Press (AP).

Ana Brnabic acusou a missão da NATO no Kosovo (Kfor), com cerca de 4.000 unidades, de não proteger os sérvios do alegado assédio das forças do Kosovo, defendendo que 1.000 tropas sérvios deveriam regressar ao Kosovo.

A chefe do governo sérvio acusou o primeiro-ministro de Kosovo, Albin Kurti, de levar a região “à beira” de outra guerra.

”Estamos perto de solicitar o regresso das nossas forças ao Kosovo sob a Resolução 1244, porque a KFOR não está a fazer o seu trabalho. Os sérvios não se sentem seguros e estão fisicamente em risco de vida, incluindo crianças nos jardins-de-infância”, frisou Brnabic.

O Presidente do Kosovo, Vjosa Osmani, reagiu a estas declarações sublinhando que “nenhum soldado ou polícia sérvio colocará os pés em solo do Kosovo novamente”.

As tensões no Kosovo estão elevadas desde que o país proclamou a independência da Sérvia, apesar das tentativas de diplomacia por parte da União Europeia e das autoridades norte-americanas.

A Sérvia, apoiada pelos aliados Rússia e China, recusou-se a reconhecer a condição de Estado ao Kosovo.

A exigência do envio de tropas sérvias surge um dia depois de homens armados desconhecidos terem causado ferimentos leves a um policio no Kosovo. A presença da polícia kosovar aumentou recentemente em áreas dominadas pelos sérvios no norte de Kosovo, onde irão decorrer eleições antecipadas em 28 de dezembro.

No início desta semana, alguns centros eleitorais foram danificados e foram ouvidos tiros nessas zonas, o que aumenta o receio de uma nova escalada das tensões.

A decisão do governo do Kosovo de proibir matrículas de viaturas emitidas pela Sérvia levou deputados, procuradores e policias sérvios nos municípios do norte do Kosovo a abandonarem os seus cargos governamentais locais no início de novembro.

No final de novembro, sob mediação da UE e com assistência direta dos EUA, Kosovo e Sérvia chegaram a um acordo em que a Sérvia pararia de emitir matrículas agora usadas no Kosovo e o governo de Kosovo interromperia outras ações para negar o novo registo de veículos.

A União Europeia alertou a Sérvia e Kosovo que estes devem resolver as suas disputas e normalizar as relações para serem elegíveis para uma adesão ao organismo europeu.

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, destacou na altura que a missão liderada pela aliança no Kosovo “permanece vigilante”.

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