A terceira greve deste ano dos trabalhadores da empresa Somincor, a concessionária da mina de Neves-Corvo, no concelho de Castro Verde, no distrito de Beja, começou no dia 22 deste mês e abrangeu três períodos intercalados de 24 horas, sendo que o terceiro e último começou hoje e termina no sábado às 06:00.
Tal como aconteceu nas duas primeiras greves deste ano, que decorreram em outubro e novembro, a extração e a produção “pararam” na mina devido à adesão “bastante significativa” dos trabalhadores à terceira greve e “apesar da pressão e da repressão exercidas pela administração da Somincor”, disse hoje à agência Lusa o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM) Jacinto Anacleto.
Por isso, o STIM faz um “balanço positivo” da terceira greve, disse, referindo que não foram extraídas pedras de minério do fundo, nem produzido concentrado de cobre, zinco e chumbo nas lavarias da mina durante os dois primeiros períodos da greve, que decorreram, respetivamente, entre as 06:00 de dia 22 e as 06:00 de dia 23 e entre as 06:00 de quarta-feira e as 06:00 de quinta-feira.
O mesmo cenário repetiu-se nos dois primeiros turnos e deverá repetir-se no último turno do terceiro período intercalado da greve, que começou hoje e termina no sábado às 06:00.
Por seu lado, a Somincor, num comunicado enviado à Lusa, refere que a adesão dos trabalhadores à terceira greve deste ano rondou os “10%” até às 15:30 de hoje.
Segundo a empresa, os níveis de adesão às três greves deste ano foram “baixos” e, “em alguns momentos”, foi “possível retomar a atividade de algumas áreas de produção” da mina.
No entanto, a empresa avisa que, “caso se verifique a continuidade de instabilidade do negócio motivada por greves consecutivas, poderão dar-se consequências na operação, nomeadamente a suspensão dos investimentos previstos”.
Jacinto Anacleto acusou a administração da Somincor de fazer “pressão” junto dos trabalhadores para tentar impedi-los de fazer greve e depois “repressão” junto dos que fizeram greve.
A título de exemplo, a Somincor não atribuiu funções aos trabalhadores das lavarias que se apresentaram ao serviço na quinta-feira depois de terem feito greve no segundo período intercalado, contou, referindo que o STIM pediu a intervenção da Autoridade para as Condições do Trabalho.
O sindicalista também criticou a postura da força da GNR no local, que disse que “parece estar ao serviço da Somincor” e a qual acusou de ter “condicionado e, nalguns casos, impedido” ações do piquete de greve junto dos trabalhadores da empresa.
No comunicado, a Somincor voltou a lamentar a realização da terceira greve dos trabalhadores “após ter chegado a acordo sobre uma posição de princípio com o STIM”, mas congratula-se “pelo ambiente pacífico que foi possível garantir, apesar dos inaceitáveis constrangimentos impostos [pelo piquete de greve] aos colaboradores que pretenderam exercer o seu direito ao trabalho”.
Durante a greve, refere a empresa, “o acesso à mina foi dificultado” e “alguns colaboradores” foram “vítimas de uma conduta repressiva” e “sujeitos a ofensas e intimidações” pelo piquete de greve.
A empresa refere que se mantém “atenta às necessidades” dos trabalhadores e “procurará sempre, por via do diálogo construtivo que quer manter, alcançar um acordo entre as partes com vista à normalização das relações laborais”.
A Somincor refere ainda que a proposta que apresentou ao STIM relativa aos trabalhadores do fundo da mina “não será posta em prática” até haver acordo, mas a relativa à antecipação de planos de reforma dos trabalhadores das lavarias, que “nunca fez parte do objeto de negociação inicial com o STIM”, avança em janeiro de 2018.
Segundo Jacinto Anacleto, as três greves serviram para os trabalhadores continuarem a reivindicar o fim da laboração contínua no fundo da mina, a “humanização” dos horários de trabalho, a antecipação da idade da reforma para os funcionários das lavarias, a progressão nas carreiras, a revogação das alterações unilaterais na política de prémios e o “fim da pressão e da repressão sobre os trabalhadores”.
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