“Tivemos conhecimento que quer o centro de saúde de Sete Rios [Lisboa], quer o centro de saúde de Moscavide, quer os centros de saúde em Sintra não estão a dar a resposta que é anunciada pela Direção Executiva [do SNS] e pelo próprio Ministério da Saúde”, disse à Lusa o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha.
O dirigente sindical adiantou que anunciar “à última da hora” a abertura de um conjunto “muito alargado” de centros de saúde a funcionar ao fim de semana e feriado em horário complementar dá origem a constrangimentos, porque muitas das unidades “não têm médicos para dar essa resposta”.
O Ministério da Saúde anunciou, na sexta-feira, a abertura hoje de 233 centros de saúde com horário alargado, 193 no domingo e 187 no feriado, dia 01 de janeiro, para “responder atempadamente aos casos de doença aguda não emergente”, à semelhança do que aconteceu no Natal.
Um desses centros de Saúde é o de Sete Rios, que está hoje sem atendimento clínico devido à greve dos médicos às horas extraordinárias, convocada pelo SIM e que termina às 24:00 de 31 de janeiro.
Numa resposta escrita à Lusa, o Ministério da Saúde referiu que, dos "233 centros de saúde que hoje estão abertos em atendimento complementar, existem constrangimentos no Centro de Saúde de Sete Rios, estando a ARS Lisboa e Vale do Tejo a trabalhar para regularizar a situação o mais rapidamente possível".
Roque da Cunha defendeu que, “dadas as várias circunstâncias, de estar a terminar a greve às horas extraordinárias dos médicos dos cuidados de saúde primários, de os médicos terem já nos hospitais ultrapassado em muito as 150 horas obrigatórias em serviço de urgência, obriga o Governo e a Direção Executiva a preparar melhor as coisas, nomeadamente na questão do reforço das equipas e criando condições aos médicos para ficarem no SNS”.
“Quando se junta a um sistema que já está abaixo do limiar mínimo na composição das equipas das escalas de urgência - que obrigou a Direção Executiva a assumir a existência desse problema -, algo que é previsível com cerca de três semanas de antecedência, com a monitorização do desenvolvimento do vírus da gripe, através dos médicos sentinela, não existir um planeamento que já esteja perfeitamente estabelecido de uma forma estrutural para todos os anos, sempre que isso possa acontecer, temos situações como a que estamos a viver neste momento”, lamentou.
Nesse sentido, Roque da Cunha reafirmou a importância do acordo intercalar que foi assinado com o Governo para um aumento dos salários em janeiro de 2024, mas avisou que não é suficiente para que, no curto prazo, sejam ultrapassadas estas questões.
“Esperamos que seja uma lição para que no próximo inverno, quando ocorrerem situações que nós já sabemos que irão ocorrer mais cedo do que tarde, haja um planeamento já estabelecido e devidamente testado e oleado e não à última da hora”, disse Roque da Cunha.
Observou, contudo, que há “um sinal de esperança” com a passagem de cerca de 200 Unidades de Saúde Familiares tipo A para modelo B: “A médio prazo, achamos que isso também poderá mitigar a situação, e isso é um sinal positivo, mas não irá naturalmente responder àquilo que [acontece] no final do ano e princípio do próximo ano, de pressão junto dos serviços de saúde”.
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