“O Governo não resolveu os velhos problemas, como criou novos problemas, portanto chegou o momento em que os sindicatos tiveram que se juntar todos para dizer basta”, disse aos jornalistas José Carlos Martins, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
Numa conferência de imprensa conjunta em que estiveram presentes cinco dos sete sindicatos, o dirigente do SEP sublinhou que os enfermeiros “desempenham um papel fundamental”, que foi reconhecido designadamente durante a pandemia e no processo de vacinação contra a covid-19.
No entanto, sustentou que “o reconhecimento social e político não tem tido qualquer tradução naquilo que é a melhoria das condições de trabalho”.
“Os enfermeiros têm feito um inquebrantável esforço de empenho, profissionalismo, mas não há reconhecimento material reativamente à resolução dos problemas. Há palmas, há agradecimentos e louvores públicos do ponto de vista da retórica pública, mas do ponto de vista da solução dos problemas é zero”, lamentou.
José Carlos Martins explicou que vai ser apresentado ao Ministério da Saúde “um documento reivindicativo único de todos os sindicatos” até à primeira quinzena de setembro a exigir a abertura de negociações.
Segundo os sindicatos, são quatro as “questões centrais” que os enfermeiros exigem que sejam resolvidas.
“Exigimos uma carreira única para todos os enfermeiros que valorize, corrija as desigualdades e injustiças e compense o risco e penosidade através da aposentação mais cedo”, disse José Carlos Martins, avançando que outra questão passa pela admissão de mais profissionais.
O dirigente do SEP indicou também que exigem “a contagem dos pontos, designadamente para os enfermeiros com contrato individual de trabalho e aos que foram reposicionados nos 1.200 euros”, além do fim dos vínculos precários.
Segundo o SEP, são cerca de 1.200 os enfermeiros com vínculo precário e contrato a termo, sendo uma imposição que passem para contratos sem termo.
José Carlos Martins considerou que o Ministério da Saúde deve abrir um processo negocial para resolver os problemas, frisando que os sindicatos não desejam avançar para os protestos, mas, “se o Governo empurrar para esse processo por ausência de resolução, das reivindicações, “todas as formas de luta são válidas”.
Também Alfredo Preto, do Sindicato Independente de Todos os Enfermeiros Unidos (SITEU), sublinhou que “não está excluída” qualquer tipo de protesto e que “todas as formas de luta legais são possíveis no quadro e nas circunstâncias que no momento forem decididas”.
Por sua vez, Fernando Parreira, do Sindicato Independente Profissionais de Enfermagem (SIPEnf), afirmou que se impõem neste momento esta união de todos os sindicatos, uma vez que há um conjunto de enfermeiros a trabalhar no Serviço Nacional da Saúde (SNS) que deram o seu contributo muito importante durante a pandemia, mas os contratos não foram renovados ou continuam em situações precária.
“Apesar do Governo ter dado oportunidade às instituições contratarem estes enfermeiro, as instituições não o fizeram e, neste momento em que há um aumento do número de internamentos, continuam sem enfermeiros para trabalhar, tendo de aumentar a carga horário dos enfermeiros que estão a trabalhar, as horas extraordinários, alteraram os horários e ameaçam em suspender as férias”, disse Fernando Parreira.
De acordo com os sindicatos, neste momento há cerca de 49.000 enfermeiros no SNS.
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