Em declarações à televisão pública síria, o islamista al-Chaara, mais conhecido pelo nome de guerra Abu Mohamed al-Jolani, “acrescentou que as prioridades nesta fase são a reconstrução e a estabilidade, não se deixando arrastar para conflitos que possam levar a uma maior destruição”.

Desde a deposição do presidente sírio, Bashar al-Assad, no domingo, Israel bombardeou centenas de alvos militares do antigo regime, alegadamente para evitar que caíssem nas mãos dos insurgentes, e também enviou o seu exército para a zona desmilitarizada com a Síria.

“Al-Charaa disse que os argumentos israelitas se tornaram fracos e não justificam as suas recentes violações, referindo que os israelitas ultrapassaram claramente os limites do envolvimento na Síria, ameaçando uma escalada injustificada na região”, avançou a televisão síria, citando declarações por escrito.

O líder insurgente apelou à intervenção imediata da comunidade internacional para travar a escalada, considerando que a “única forma” de alcançar a estabilidade no país é uma solução diplomática.

Entre a noite de sexta-feira e o início do dia de hoje, Israel lançou um total de 17 ataques contra alvos militares em várias partes da Síria, incluindo uma base aérea e armazéns de mísseis nos arredores de Damasco, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.

Al-Charaa, chefe da aliança islâmica da Organização para a Libertação do Levante, que liderou a ofensiva contra o regime sírio, reconheceu ainda que o estado da nação exigirá “planos bem pensados” para a ultrapassar a situação atual.
Assim, defendeu que antes de se tomarem medidas para resolver questões urgentes, devem ser recolhidas informações precisas e estudadas ao detalhe, ao mesmo tempo que apelou à criação de bases “modernas” para um novo Estado que garanta os direitos de todos os sírios.

Antes das declarações de al-Charaa, os ministros dos Negócios Estrangeiros de oito países árabes, reunidos na cidade jordana de Aqaba, apelaram hoje ao “fim imediato de todas as operações militares na Síria” e ao “respeito pela sua unidade e estabilidade”.

Os ministros denunciaram como “ocupação flagrante” e “violação do acordo de separação” de 1974 a presença militar israelita na zona desmilitarizada entre a Síria e Israel, ao mesmo tempo que condenaram os ataques aéreos do Estado judaico na Síria e instaram o Conselho de Segurança da ONU a adotar “as medidas necessárias para pôr termo a estas violações”.

“A segurança e a estabilidade da Síria são um pilar da segurança e da estabilidade na região, e apoiaremos aquele povo irmão no processo de reconstrução como um Estado árabe unificado, independente, estável e seguro para todos os seus cidadãos”, refere o comunicado, sublinhando ainda que na Síria “não deve haver lugar para terrorismo ou extremismo, ou violação da sua soberania ou agressão contra a sua integridade territorial por qualquer das partes”.

Os chefes da diplomacia árabe realizaram esta reunião para “coordenar posições” antes da reunião sobre a Síria que pretendem realizar hoje em Aqaba com os seus homólogos dos Estados Unidos, França e Turquia, que conta também com a presença do chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Kaja Kallas, e o enviado da ONU para o país árabe, Geir Pedersen.