Sissi falava em Ismailia, sede da Autoridade do Canal do Suez (SCA, na sigla em inlês), um dia depois de ter sido desencalhado o porta-contentores Ever Given que bloqueava o canal, permitindo o recomeço do tráfego.

“Vamos adquirir todos os equipamentos necessários para o canal” para evitar incidentes semelhantes, assegurou.

“A crise mostrou a que ponto o canal é importante para o mundo”, adiantou o presidente, considerando que não existe uma alternativa à via, que liga o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho e por onde passa cerca de 10% do comércio mundial.

Durante os dias em que foi impossível transitar pelo Canal do Suez, que encurta em vários dias a viagem marítima entre a Ásia e a Europa, algumas embarcações decidiram seguir a rota que contorna África pelo Cabo da Boa Esperança e a Rússia aproveitou para propor como alternativa a rota do Ártico.

No total, 422 navios aguardavam na segunda-feira que o Canal do Suez fosse desbloqueado para seguirem viagem. As equipas técnicas conseguiram pôr o Ever Given a flutuar depois do meio-dia e as primeiras embarcações puderam começar a circular por volta das 18:00 locais (17:00 em Lisboa).

Hoje de manhã, segundo ‘sites’ de visualização do tráfego marítimo, alguns dos navios que circulavam no canal eram de tamanho semelhante ao daquele porta-contentores, ou seja, mais de 200.000 toneladas e 400 metros de comprimento.

Mas dezenas de navios continuavam à espera nas duas extremidades da via, com cerca de 190 quilómetros de comprimento.

Numa conferência perante Sissi, o presidente da SCA, almirante Osama Rabie, disse que 113 embarcações atravessam o canal entre as 18:00 de segunda-feira e as 08:00 de hoje.

O engarrafamento deverá levar três a quatro dias a ficar resolvido, segundo as autoridades.

Ventos fortes e uma tempestade de areia foram apontados inicialmente como o que levou o Ever Given a ficar atravessado no canal, embora Rabie tenha levantado depois a possibilidade de “erros humanos ou técnicos”.

As operações de desencalhe exigiram mais de dez rebocadores, bem como dragas para escavar o canal.

“Entre 180 e 200 pessoas trabalharam incansavelmente 24 horas por dia” no local e até “2.000 trabalhadores” forneceram “serviços externos”, disse um funcionário da SCA que não quis ser identificado à agência France Presse.

O valor total dos bens bloqueados ou que utilizaram outra rota difere segundo as estimativas, oscilando entre três e mais de nove mil milhões de dólares (2,5 mil milhões e 7,6 mil milhões de euros).

Segundo a SCA, o Egito perdeu entre 12 milhões e 15 milhões de dólares (10 milhões e 12,7 milhões de euros) por cada dia que o canal esteve encerrado.