“A situação é caótica, porque o hospital não tem capacidade com este pico de pandemia de gripe”, disse à agência Lusa Miguel Vasconcelos, presidente do Conselho Diretivo Regional Norte da Ordem dos Enfermeiros.
Os corredores da urgência, acrescentou, estão cheios de macas dos bombeiros com doentes, porque não há espaço para tantas situações de urgência que estão a chegar ao hospital.
Miguel Vasconcelos confirmou que na terça-feira, cerca das 20:00, morreu uma idosa com pulseira laranja que aguardava há cerca de uma hora, numa maca dos bombeiros, para ser observada pela equipa clínica daquele hospital.
O Porto Canal noticiou que a morte da idosa, com cerca de 80 anos, ocorreu na terça-feira à noite, enquanto a senhora aguardava numa maca por observação
O hospital Padre Américo ativou o plano de contingência, com reforço das equipas de profissionais de saúde, mas o problema maior neste momento, acentuou, é a falta de capacidade física das instalações para atender e internar os doentes.
Trata-se de uma situação crónica, por ser demasiado pequeno para a região que serve (cerca de meio milhão de pessoas), mas que se agrava quando ocorrem estes picos, sinalizou.
Contou ainda que, nas últimas horas, cerca de uma dezena de ambulâncias têm permanecido em espera no hospital, situação que foi confirmada por comandantes que várias corporações de bombeiros da região.
“As equipas não têm capacidade e os profissionais acabam por entrar em exaustão”, lamentou Miguel Vasconcelos.
A Lusa questionou a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde sobre a eventual abertura de um inquérito a este caso da morte da mulher e aguarda resposta.
De acordo com os dados do portal do SNS, consultados pela agência Lusa, às 10:50, o tempo de espera no hospital Padre Américo para doentes triados como muito urgente (pulseira laranja) era de 50 minutos, estando àquela hora dois doentes em espera.
Existiam ainda oito doentes urgentes (pulseira amarela), com um tempo de espera médio de 52 minutos.
Hospital de Penafiel diz que idosa que morreu na urgência estava em fim de vida
A idosa triada com pulseira laranja que morreu na terça-feira na urgência do Hospital Padre Américo, em Penafiel, encontrava-se "em fim de vida”, informou hoje a unidade hospitalar.
“Tratava-se de uma doente em fim de vida e sem critérios clínicos para qualquer manobra invasiva de reanimação”, lê-se num comunicado enviado à Lusa.
No comunicado, o hospital refere que a doente deu entrada no serviço de urgência médico-cirúrgica às 19:16, tendo sido submetida a triagem de Manchester às 19:19. O óbito foi registado às 20:06, “após avaliação clínica”, segundo o hospital.
Servindo uma população de cerca de meios milhão de pessoas, de 12 municípios, o Hospital Padre Américo, conjuntamente com o Hospital de São Gonçalo (Amarante), integra a Unidade Local de Saúde do Tâmega e Sousa (ULSTS).
Na informação enviada à agência Lusa, o hospital admite que a urgência se encontra “sob enorme pressão”, tendo o número de internados no serviço atingido esta manhã os 85 doentes.
“Tais circunstâncias dificultam muito o funcionamento do serviço, não só pela sobrecarga de trabalho, mas pelas limitações de espaço que condicionam o normal funcionamento”, acrescenta, ressalvando que no caso da idosa que morreu numa maca na urgência “as ações tomadas teriam sido as mesmas em circunstâncias diferentes”.
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