“A Catalunha deve olhar para a frente, não pode perder tempo, deve contar com todos”, disse Salvador Illa, que venceu as eleições regionais catalãs de 12 de maio e, se for hoje investido presidente da Generalitat, terminará com 14 anos consecutivos de executivos separatistas nesta região espanhola.

No discurso em que apresentou o seu programa de governo aos deputados catalães, Salvador Illa prometeu “trabalhar para fazer possível o restabelecimento integral da totalidade dos direitos políticos de todas as cidadãos e de todos os cidadãos da Catalunha e de todas as formações políticas”.

Illa pediu, neste contexto, que a lei de amnistia aprovada pelo parlamento de Espanha e já em vigor seja aplicada pelos juízes.

“Com respeito pela divisão de poderes e pelo poder judicial, preço respeito pela esfera de decisão do poder legislativo, que manifestou de forma clara, explícita e inequívoca a sua vontade de normalização plena”, afirmou o líder do Partido Socialista da Catalunha (PSC, estrutura regional do Partido Socialista Operário Espanhol, PSOE, do primeiro-ministro Pedro Sánchez).

O parlamento catalão iniciou hoje o plenário de investidura do novo governo regional, no dia em que o independentista Carles Puigdemont voltou a Espanha, após quase sete anos no estrangeiro para fugir à justiça do país.

Puigdemont continua a ser alvo de um mandado de detenção em território espanhol e conseguiu surgir hoje uma concentração de milhares de apoiantes no centro de Barcelona sem ser detido.

Depois de se ter dirigido à multidão e de a organização da concentração ter pedido pelos microfones para ser criado um corredor de apoiantes para acompanhar a marcha de Puigdemont até ao parlamento regional, o dirigente separatista desapareceu e desconhece-se neste momento o seu paradeiro.

Eleito deputado nas eleições catalãs de 12 de maio, Puigdemont tinha anunciado na quarta-feira que estaria na sessão parlamentar de hoje, mas o plenário arrancou e está a decorrer sem a sua presença.

A polícia tinha montado um perímetro de segurança em redor do parlamento, com uma barreira policial que Puigdemont teria de cruzar para aceder ao edifício, mas nunca chegou a esse local.

Os Mossos d’Esquadra (a polícia catalã) acionaram entretanto a “operação Jaula”, um dispositivo de segurança, com controlo de estradas, para tentar localizar Puigdemont e impedir que volte a sair para o estrangeiro, como aconteceu em 2017.

Nas breves palavras que dirigiu aos apoiantes que hoje o receberam em Barcelona, após quase sete anos no estrangeiro, Puigdemont condenou a “politização da justiça” espanhola, que lhe recusa a amnistia.

“Muitos pensam festejar hoje a minha detenção e pensarão que o escárnio nos dissuadirá, que vale a pena infringir uma lei aprovada pelo seu Parlamento por causa do escárnio. Mas estão enganados. E, com esse erro, vão mais uma vez arrastar a credibilidade da democracia espanhola”, afirmou.

Puigdemont lamentou a “repressão feroz” do movimento independentista catalão por parte das autoridades espanholas após a tentativa de autodeterminação de 2017, que protagonizou e na sequência da qual abandonou Espanha, sendo ainda hoje alvo de uma mandado de detenção.

“Vim aqui hoje para lembrar que ainda estamos aqui, porque não temos o direito de renunciar”, afirmou, depois de insistir em que todos os povos têm o direito à autodeterminação.