“Em menos de um ano nós temos de realojar todos estes animais”, disse à Lusa, o presidente da Anima, Albano Martins.
Ao todo são 533 galgos que foram deixados pela Companhia de Corridas de Galgos no canídromo, que foi encerrado na sexta-feira pelas autoridades do território.
A ANIMA está a promover uma campanha mundial, em paralelo com a associação italiana Pet Levrieri e com a norte-americana Grey2k, com o objetivo de angariar fundos de forma a poder realojar os animais.
“Cada viagem para a Europa custa à volta de 30 mil patacas (três mil e duzentos euros) a não ser que haja uma grande campanha de donativos”, a ANIMA terá muita dificuldade em conseguir transportar os animais para fora de Macau, constatou Albano Martins.
Os custos aumentam porque os animais têm de ir para Hong Kong, onde há mais oferta de voos internacionais.
“Temos recebido apoios de toda a parte do mundo agora o que é preciso é que esses apoios se transformem em dinheiro para movimentar estes animais todos”, afirmou.
“Nós estamos a trabalhar para reduzir todos os custos”, garantiu o responsável máximo da Anima, revelando ainda ter a indicação de duas companhias aéreas poderem fazer o transporte gratuitamente.
O presidente da ANIMA acrescentou ainda que os galgos só poderão sair do território no prazo de três meses, pois estão a ser recolhidas amostras de sangue para serem analisadas.
O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais de Macau (IACM) informou hoje que foram efetuados contactos com as associações locais de proteção dos animais de forma a promover o recrutamento de voluntários, assegurando a existência de 40 pessoas a prestar cuidados diários aos galgos.
O recrutamento dos voluntários foi garantido pela Anima, MASDAW (Associação para Cães de Rua e o Bem-Estar Animal em Macau), Associação Protetora para os Cão Vadio de Macau, Everyone Stray Dogs Macau Volunteer Group e Long Long (Macao) Volunteers Group.
“Achamos que o IACM está a fazer um belíssimo trabalho”, disse Albano Martins.
As autoridades de Macau acusaram hoje a empresa que explorava o canídromo de ter abandonado os galgos nas instalações e ameaça aplicar sanções financeiras com base na Lei de Proteção dos Animais.
“Findo o prazo para deslocação do canídromo da Companhia de Corridas de Galgos Macau (…) a empresa não assumiu as responsabilidades e as obrigações devidas […], deixando 533 galgos abandonados no referido local”, refere em comunicado o IACM.
A Companhia de Corridas de Galgos tinha entregado na quinta-feira, na véspera de terminar o contrato de exploração, uma carta às autoridades de Macau na qual referia que os galgos do canídromo se tratavam de bens que deviam reverter a favor das autoridades do território.
Até aqui, a empresa, que pertence à Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, fundada pelo magnata do jogo Stanley Ho, “não se dedicou a encontrar solução adequada para colocar esses galgos existentes, e agora quer passar as responsabilidades para o Governo e para a sociedade”, reagiu o IACM.
Em 12 de julho, o IACM já tinha exigido à Companhia de Corridas de Galgos a entrega imediata de um plano concreto para a localização do realojamento dos galgos, depois de a Direção de Inspeção e Coordenação de Jogos ter recusado prolongar o contrato de exploração do canídromo, a operar há mais de 50 anos no território.
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