“Nós temos um novo Governo, um Governo que está muito empenhado em fazer transformações absolutamente necessárias para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), para a manutenção do SNS, para que seja sustentável. Há vários problemas, mas um dos mais graves é não ter recursos adequados. Ainda agora tem sido notícia, nestes últimos dias, que maternidades têm fechado, porque não tem profissionais de saúde”, afirmou Carlos Cortes, em declarações à agência Lusa.
O bastonário da OM foi questionado sobre as atuais dificuldades nas escalas das urgências dos hospitais, semelhantes às ocorridas em 2023, então por recusa dos médicos em cumprirem mais horas extraordinárias.
“Quanto a isso, não há aqui planos que possam dar a volta a esta situação, porque se não há profissionais de saúde, se não há médicos, é impossível, não há nenhum plano neste mundo que consiga resolver esta situação”, reconheceu.
Nesse sentido, à margem da assinatura de um protocolo entre o Comité Olímpico de Portugal (COP) e a OM, para a criação de um livro e a organização de uma exposição sobre os 17 atletas olímpicos médicos portugueses, recordou as propostas a apresentar à tutela.
“Portanto, aquilo que vamos apresentar à senhora ministra da Saúde [Ana Paula Martins], que tomou agora posse, refere-se à questão da urgência, à questão da lista de espera de cirurgias, à questão da lista de espera das consultas, para valorizar os profissionais de saúde e, neste caso concreto, os médicos”, referiu.
E, reiterando a disponibilidade “para colaborar, apoiar, ajudar a encontrar as soluções que o sistema precisa”, reivindicou o apoio governamental para esta causa.
“Porque a tutela já anda há demasiado tempo de costas viradas para com os profissionais e não há nenhuma mudança que consiga ser feita, não há nenhuma transformação no SNS que possa ser executada sem a colaboração dos profissionais de saúde”, frisou.
Atendendo que, “sem médicos no SNS não se consegue resolver nenhuma situação”, o bastonário da OM considera que “é preciso torná-lo mais atrativo, conseguir captar mais médicos e evitar que os médicos somente encontrem projetos de carreira fora do setor público”.
“Eu quero que o SNS, que é um instrumento fundamental, um pilar fundamental dos cuidados de saúde em Portugal, tenha esta capacidade de atração, dando boas condições de trabalho aos médicos”, rematou.
Carlos Cortes assumiu-se “otimista com este Governo, tal como com os anteriores”, lamentando que sejam sempre criadas “grandes expectativas no ministro da Saúde, considerando que será quem vai mudar e resolver as coisas, mas, na verdade, todos têm sido, enfim, um falhanço”.
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