A sondagem, efetuada pelo Instituto Datafolha, indica que 81% dos inquiridos defende a continuação da Lava Jato, 15% afirma que a investigação deveria acabar, e 04% não soube responder.
Lançada em 2014, a investigação Lava Jato trouxe a público um gigantesco esquema de corrupção de empresas públicas, implicando dezenas de altos responsáveis políticos e económicos, e levando à prisão de muitos deles, como o antigo Presidente brasileiro Lula da Silva, entretanto libertado no mês passado.
Em mais de cinco anos de operação foram iniciadas, apenas pelo grupo de trabalho no Paraná (onde a operação teve início), 68 fases, com o cumprimento de 1.302 mandados de busca e apreensão, 227 mandados de condução coerciva, 327 mandados de prisão expedidos pela Justiça Federal (temporárias e preventivas) contra 280 pessoas, com alguns envolvidos ainda foragidos.
Contudo, recentemente, o ex-juiz da Lava Jato e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, e procuradores daquela operação viram-se envolvidos num escândalo, conhecido como Vaza Jato, que começou em 09 de junho, quando o portal jornalístico The Intercept Brasil e outros ‘media’ parceiros começaram a divulgar reportagens que colocam em causa a imparcialidade da maior operação contra a corrupção no país.
Baseadas em informações obtidas de uma fonte não identificada, estas reportagens apontam que Moro terá orientado os procuradores da Lava Jato, indicado linhas de investigação e adiantado decisões enquanto era juiz responsável por analisar os processos do caso em primeira instância.
Se confirmadas, as denúncias indicam uma atuação ilegal do antigo magistrado e dos procuradores brasileiros porque, segundo a legislação do país, os juízes devem manter a isenção e, portanto, estão proibidos de auxiliar as partes envolvidas nos processos.
No entanto, a crise que abalou aquela que é a maior operação contra a corrupção no país sul-americano parece não ter afetado drasticamente a opinião pública, com uma larga maioria dos entrevistados na sondagem a defender a sua continuidade.
O levantamento ouviu 2.948 pessoas em 176 municípios de todo o Brasil entre os 05 e 06 de dezembro, com margem de erro de dois pontos percentuais, em ambos os sentidos.
Uma outra sondagem lançada na terça-feira pelo Datafolha indica que 54% dos brasileiros considera “justa” a libertação do antigo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto que 52% consideraram “injusta”.
Lula da Silva, de 74 anos, que governou o Brasil entre 2003 e 2010, saiu da prisão em 08 de novembro, após uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que alterou a jurisprudência, e proibiu a prisão após condenação em segunda instância dos réus que recorrem para tribunais superiores, como era o caso do ex-líder sindical.
O histórico líder do Partido dos Trabalhadores (PT) foi preso após ter sido condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), num processo sobre a posse de um apartamento, que os procuradores alegam ter-lhe sido dado como suborno em troca de vantagens em contratos com a estatal petrolífera Petrobras pela construtora OAS.
Na análise das variáveis sociodemográficas da sondagem em causa, observa-se que o índice dos que avaliam como “justa” a libertação de Lula da Silva cresce conforme diminui o grau de instrução – 45% entre os mais instruídos face a 61% entre os menos instruídos -, assim como do rendimento familiar mensal do entrevistado – 38% entre os mais ricos perante 63% entre os mais pobres.
Seis em cada 10 brasileiros adultos (61%) confiam em alguma medida nas declarações do antigo Presidente, sendo que dessa percentagem, 25% confiam “sempre” e 36% “às vezes”, enquanto uma parcela de 37% nunca confia nas declarações de Lula da Silva.
Nesta pesquisa, ocorrida em 05 e 06 de dezembro deste ano, foram realizadas 2.948 entrevistas presenciais em 176 municípios de todas as regiões do país sul-americano, com uma margem de erro máxima de dois pontos percentuais.
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