Ouça aqui a conversa com Sépideh Radfar
“A emancipação e libertação feminina no Irão iniciou-se há muitos anos. Foi na década de 50 que a mulher teve direito ao voto, muito antes do que certos países europeus”, relembra Sépideh Radfar, que é também professora de cadeiras como Culturas Islâmica Asiáticas ou Língua e Cultura Persa. “A mulher iraniana não deixou de participar e não parou de evoluir. Mas a geração mais nova quer mais, quer acelerar esta evolução”. Embora tenha uma visão bastante crítica quanto à opressão religiosa vivida pelas mulheres no seu país, rejeita a islamofobia: “Uma aluna minha perguntou-me se o islão é compatível com a democracia. Eu olhei para ela e perguntei-lhe: ‘Diz-me qual é a ideologia ou religião que é compatível com a democracia?’. Quando a religião está a dominar toda a decisão do Estado com imposições, estamos a afastar-nos da democracia. Qualquer ideologia faz isto, não é só o Islão”.
Nestes 50 minutos de conversa, Sépideh Radfar descortina os estereótipos que enfrenta enquanto mulher iraniana a viver na Europa, mas relata-nos também sua vida de menina no Irão, e as memórias dos tempos da conturbada revolução islâmica, nos anos 70. Quanto aos protestos atuais, relembra que, a par das desigualdades de género, existem também outras sociais e económicas que fazem parte da equação do descontentamento. “A minha mãe dizia: ‘é fácil subir, mas descer custa’. E a classe média tem perdido o seu poder. Temos a inflação por volta de 80%, o povo já não consegue mais”.
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