Em comunicado enviado às redações, a organização de luta antirracista contextualizou os atos de vandalismo na estátua, realizados na quinta-feira, considerando surgiram “estranhamente” e “após uma manifestação histórica contra o racismo”, referindo que “em vez de se discutir as demandas” desse mesmo protesto, no passado sábado, “voltou a reacender-se o debate sobre a memorialização da narrativa colonial”.
“A este respeito, com a intenção deliberada ou omissa de atribuir a autoria moral das pinturas na estátua de Padre António Vieira ao SOS Racismo, alguma imprensa noticiou que a manifestação, em 2017, foi organizada pelo SOS Racismo e por um seu ativista, o que é falso. É público que essa iniciativa foi de um coletivo informal, denominado “Descolonizando”, sem nenhuma ligação com a nossa organização”, referiu a associação.
Sobre as mensagens encontradas hoje em escolas e centros de refugiados na área metropolitana de Lisboa, assim como numa pintura de homenagem a José Carvalho, assassinado pela extrema-direita, o SOS Racismo afirma que estas são de “incitamento ao ódio e à violência e uma ameaça à ordem constitucional” e ainda que “ferem todos os valores da dignidade humana”.
“São dignas de preocupação e intervenção do Estado, por forma a garantir que, a pretexto de um debate sobre o legado histórico do colonialismo, não se permita nem banalização do racismo e da xenofobia, nem o incitamento do ódio e da violência”, continua o documento.
A associação exigiu ainda que os autores materiais e morais das pinturas “sejam responsabilizados”, manifestou a preocupação perante “o clima de intimidação e perseguição expressos” e repudiou “veementemente qualquer atitude de violência e de ódio na sociedade portuguesa”.
No passado sábado, 6 de junho, milhares de pessoas juntaram-se em Lisboa e no Porto numa manifestação contra o racismo, sob o mote "Black Lives Matter" ("Vidas Negras Importam"), no seguimento dos protestos globais contra a morte de George Floyd às mãos da polícia.
Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.
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