Segundo o relatório, perto de metade das crianças vítimas de tráfico humano, sobretudo rapazes, foram sujeitas a trabalhos forçados na agricultura e na indústria, bem como “entregues” a atividades domésticas e à mendicidade.
Um quinto das vítimas, essencialmente raparigas, foi sujeito a exploração sexual, nomeadamente prostituição e pornografia, sobretudo de redes internacionais.
O relatório, intitulado “Da Evidência à Ação: Vinte Anos de Dados de Tráfico de Crianças da OIM para Informar Políticas e Programas”, realça o envolvimento de familiares e amigos no tráfico de crianças para exploração laboral e sexual.
“O tráfico de crianças é um fenómeno multifacetado e complexo que continua a espalhar-se e a evoluir dentro e fora das fronteiras. Nenhuma faixa etária, nenhum género e nenhuma nacionalidade está imune ao tráfico de crianças. É um fenómeno verdadeiramente global”, alerta, citada numa nota de imprensa da OIM, a líder da Unidade de Proteção da organização, Irina Todorova.
O relatório hoje divulgado, o primeiro do género, analisa dados preliminares de cerca de 69 mil vítimas de tráfico humano de 156 nacionalidades que foram “traficadas” em 186 países.
Segundo a OIM, que gere o maior banco de dados internacional de vítimas de tráfico humano, 18,3% das vítimas são crianças.
“Apesar dos esforços significativos, o número das crianças que continuam a ser vítimas de traficantes continua alto, em grande parte devido a fatores sociais, económicos, ambientais e políticos desiguais que fomentam práticas de exploração e discriminação”, conclui o relatório, que contou na sua elaboração com o contributo da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
A OIM tem como diretor-geral o ex-ministro português António Vitorino, que será sucedido no cargo em outubro pela atual vice-diretora-geral para a Gestão e Reforma, a norte-americana Amy Pope.
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