Em declarações antes do início da 24.ª Marcha do Orgulho LGBTI+, em Lisboa, a dirigente bloquista lembrou que partiu do BE a ideia de avançar com a comissão de inquérito à gestão da transportadora aérea nacional.
“A indemnização a Alexandra Reis ocorre porque, aparentemente, ninguém se lembrou que a TAP é uma empresa pública. As empresas públicas têm regras, transparência e escrutínio e assim tem de ser e eu espero que a comissão de inquérito tenha servido para uma coisa: para que não se volte a repetir e que, de hoje em diante, quanto mais não seja por saberem que uma comissão de inquérito pode existir, que os gestores das empresas públicas e respetivas tutelas tenham cuidado com aquilo que é nosso”, sublinhou.
Reivindicando “mais exigência com as empresas públicas”, argumentou que “elas são de todos” e que é assim que querem que “seja, do país, para desenvolver o país, geridas com toda a exigência e critério”.
“Estou certa de que a comissão de inquérito deu um bom contributo para isso”, acrescentou Mariana Mortágua.
Ainda sobre o fim das audições da comissão, na sexta-feira, Mariana Mortágua avançou com três conclusões, sendo a primeira de que “a privatização anterior da TAP foi um desastre”.
“Confirma-se que [David] Neeleman [anterior acionista da TAP] utilizou dinheiro da TAP para comprar a própria TAP, aliás vem acrescentar uma conclusão que já tínhamos, [a de que] todas as empresas que foram privatizadas em Portugal acabaram destruídas ou em mãos estrangeiras, a enriquecer acionistas estrangeiros”, acrescentou.
E prosseguiu: “Se Portugal quer ter empresas estratégicas, de monta, tecnológicas, tem de saber ter empresas públicas, o que nos leva à segunda conclusão: o inquérito à TAP mostrou que é possível ter uma empresa pública bem gerida se houver escrutínio e transparência”.
“Propusemos a comissão de inquérito e penso que fizemos bem em fazê-lo. Acho que hoje o problema, por exemplo, dos prémios não se vai pôr em outras empresas públicas porque houve esta comissão de inquérito. Esta comissão de inquérito serve para dizer que não basta ter uma empresa pública, [mas que] ela tem de ser bem gerida”, continuou.
A terceira conclusão é que, “apesar de toda a defesa do interesse estratégico que o Governo quis fazer, decidiu privatizar a TAP sem qualquer tipo de garantia”, afirmou Mariana Mortágua, lembrando que “passou um ano desde esse anúncio” e continua-se “sem saber qual é a garantia do interesse público que o Governo mantém na TAP”.
“Não há uma única condição para a privatização, parece apenas que o Governo está à espera de quem dá mais para vender a TAP, mais uma empresa privatizada ao capital estrangeiro, para enriquecer acionistas estrangeiros e logo agora que a TAP está a dar lucro”, insistiu.
Neste contexto, Maria Mortágua desafiou a que se olhe para “as empresas que foram privatizadas e dizer uma que esteja a funcionar melhor ou que não esteja a enriquecer acionistas privados”.
“Olhamos para a EDP e está a lucrar com as contas da luz e com as rendas da energia, a PT foi destruída, a CIMPOR já lá vai, a Sorefame já lá vai. Todas as empresas foram privatizadas. A ANA foi privatizada. Dava lucro e continua a dar lucro ao seu acionista privado e está a prejudicar ativamente a atividade da TAP no aeroporto de Lisboa e a dificultar a sua atividade”, assinalou a líder bloquista.
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