"O Conselho de Administração da TAP SGPS, SA afirma que a Companhia está empenhada e vai de imediato colaborar com todos os agentes económicos, nomeadamente associações empresariais e entidades regionais de turismo", começa por explicar o comunicado enviado pela TAP.
Esta colaboração, explica a nota, servirá para "viabilizar o maior número de oportunidades, adicionar e ajustar os planos de rota anunciados para este momento de retoma por forma a procurar ter um serviço ainda melhor e mais próximo a partir de todos os aeroportos nacionais onde a TAP opera, o que, considerando o período difícil que Portugal atravessa, ficará, naturalmente, subordinado aos constrangimentos legais que existam quanto à mobilidade das pessoas e ao transporte aéreo".
Em causa está o plano de retoma das operações da transportadora aérea, que foi conhecido na segunda-feira e prevê 27 voos semanais até ao final de junho e 247 no mês seguinte, sendo a maioria de Lisboa, havendo uma muito mais diminuta quantidade de voos a partir do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, e de outros aeroportos nacionais onde opera.
Depois de anunciado o plano de retoma de voos, vários autarcas nortenhos, bem como partidos políticos, criticaram as opções da companhia aérea e exigiram que o Governo tomasse uma posição, alegando que empresa não serviria o interesse nacional se mantivesse um plano afunilado à capital.
O Conselho de Administração da TAP faz uma admissão quanto a essa questão, dizendo que o seu objetivo é continuar a voar para retomar a sua operação e a servir os seus clientes sempre com o objetivo de assegurar a sua sustentabilidade futura e continuar a projetar Portugal no Mundo".
O Presidente da República afirmou na terça-feira à agência Lusa que "acompanha a preocupação manifestada por vários partidos políticos e autarcas relativamente ao plano de retoma de rotas da TAP, em particular no que respeita ao Porto".
Já hoje o primeiro-ministro afirmou que o plano de rotas da Comissão Executiva da TAP "não tem credibilidade" sem prévia informação sobre a estratégia de reabertura de fronteiras de Portugal.
António Costa disse mesmo ver-se "obrigado a recordar à Comissão Executiva da TAP os deveres legais de gestão prudente e responsável da companhia".
Esse conjunto de deveres legais de gestão prudente e responsável na gestão da transportadora aérea nacional, de acordo com o primeiro-ministro, "não é compatível com a definição, divulgação e promoção de planos de rotas cuja viabilidade depende da vontade soberana da República Portuguesa na gestão das suas fronteiras".
Também esta quarta-feira a Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) e o Turismo do Algarve contestaram o plano de retoma de atividade anunciado pela companhia área TAP para os próximos dois meses por “não servir” a região como “principal destino turístico nacional.
O plano da TAP foi igualmente criticado pelo presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira que a acusou de promover um "confinamento ao Porto e Norte" e autarcas de municípios como Guimarães, Gondomar, Valongo e Vila Real e por dirigentes de vários quadrantes políticos.
Do lado do PS, o seu secretário-geral-adjunto, José Luís Carneiro, pediu à TAP para reverter o seu plano “lesivo”, sendo que os socialistas pediram mesmo uma audição urgente ao presidente da TAP, Miguel Frasquilho, no Parlamento.
Já Rui Rio, Presidente do PSD, acusou a companhia de ser “uma empresa de ordem regional, confinada mais ou menos à antiga província da Estremadura, a grande Lisboa” por não responder “aos aeroportos de Faro, do Funchal, de Ponta Delgada e do Porto como deve ser”.
Mesmo a Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa (ERTRL), operando na região mais beneficiada por este plano, defendeu que a estratégia da companhia aérea “deve ser profundamente reformulada”, lembrando que "a concentração de ligações aéreas em Lisboa não é do interesse da região, tendo em conta que a maioria do tráfego é apenas de ligação a outros destinos europeus".
A companhia aérea já tem a informação disponível no seu 'site', avisando que as rotas podem vir a ser alteradas caso as circunstâncias o exijam.
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