“[Foi] um final de semana onde os trabalhadores da TAP foram, em todas as rádios, jornais e televisões, o alvo predileto da chacota e da sapiência nacional, onde os jornalistas e sobretudo os ilustres comentadores foram apimentando as emissões, acabando por ter o seu epílogo com as declarações de vários senhores ministros, que por fim conferiram ao tema a necessária credibilidade”, afirmou o sindicato, em comunicado enviado às redações, na sequência da apresentação do plano de reestruturação da companhia, na sexta-feira, que prevê o despedimento de 2.000 trabalhadores e reduções salariais de 25%.
“Segundo os governantes, os trabalhadores da TAP andam, afinal, há anos, a roubar os portugueses. Foi, portanto, decretado neste final de semana que os trabalhadores da TAP vão passar a ser uma espécie de sem-abrigo a quem os ‘contribuintes portugueses’, por especial favor, vão pagar um salário, que, por isso, tem de ser pequenino, porque quanto maior for, mais os portugueses têm que pagar”, acrescentou o Sitava.
O sindicato garantiu que “tudo fará para promover a unidade de todos os trabalhadores e das suas estruturas de classe”, a fim de organizar “a defesa intransigente dos postos de trabalho e dos salários”.
Na sua ótica, os custos com os trabalhadores são apenas uma das parcelas “e nem sequer a maior”, exigindo saber qual será a redução de custos noutras rubricas, “como por exemplo nas negociatas dos 'leasings', dos combustíveis, das taxas e comissões, dos fornecimentos externos”, entre outras.
“Vem agora o poderoso patrão, impondo à força de lei o corte do salário livremente negociado, anunciar candidamente que ‘se quiseres cortar mais, dou-te mais um posto de trabalho’. Não, isto não é aceitável, isto é terrorismo!”, apontou o Sitava, lembrando que o salário dos trabalhadores da TAP é “o produto da venda da nossa força de trabalho” e não deve ser cortado em troca de um posto de trabalho.
O Governo entregou na quinta-feira o plano de reestruturação da TAP à Comissão Europeia, que, segundo detalhou o ministro na sexta-feira, prevê o despedimento de 500 pilotos, 750 tripulantes de cabine, 450 trabalhadores da manutenção e engenharia e 250 das restantes áreas.
O plano prevê, ainda, a redução de 25% da massa salarial do grupo e do número de aviões que compõem a frota da companhia, de 108 para 88 aviões.
Como a Lusa noticiou em novembro, a TAP vai propor aos trabalhadores um pacote de medidas voluntárias, que incluirá rescisões por mútuo acordo, licenças não remuneradas de longo prazo e trabalho a tempo parcial.
Numa comunicação enviada então aos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, a administração referia já que "quanto maior for a adesão, menor será a necessidade de outras medidas a decidir futuramente".
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