Cerca das 11:45, duas dezenas de táxis juntaram-se ao protesto nos Restauradores sob forte aplausos e buzinadelas dos colegas.
“A esperança é a última coisa a morrer. Claro que temos esperança que os partidos com assento parlamentar são capazes de nos dizer alguma coisa para resolver este problema”, disse à Lusa Carlos Ramos, da Federação Portuguesa de Táxis.
Segundo o dirigente, as soluções são claras: “Ou mexer na lei – nós gostaríamos muito -, ou fazendo outra lei que responda às nossas preocupações. E veremos então o que os partidos vão dizer”.
Depois da sessão de hoje, e se “os partidos não vierem cá fora dizer as suas propostas”, os taxistas esperam reunir de novo com os partidos.
Após os acontecimentos de hoje, pensam fazer um “balanço da luta”, que terá em conta se as propostas “respondem ou não àquele chamado equilíbrio que o Presidente da República sugeriu”.
“Isto é, se há formas de ajudar o setor com os prejuízos que vai ter se a lei for aplicada tal como ela está. O senhor ministro está irredutível. Vamos ver se o parlamento ainda tem alguma solução para nós”, disse o dirigente.
Segundo Carlos Ramos, se a lei se mantiver tal como está, os taxistas têm algumas contrapartidas a exigir.
“Há um conjunto de questões fiscais de que nos gostaríamos, por exemplo, a isenção dos automóveis de cinco para três anos”, afirmou.
Entre as propostas está o aumento da isenção dos automóveis, a questão das licenças camarárias, alterações no regime tarifário “de forma a que as tarifas passem a ser mais flexíveis”, a questão dos contingentes e do tarifário intermunicipal.
“Há muita coisa de que nós gostaríamos de falar e saber se compensa ou não, porque a luta é assim mesmo. Agora, o senhor ministro tem um discurso irritante e agarra-se a coisas menores como, por exemplo, vem com uma agenda a dizer que reunimos tantas e tantas vezes. São coisas pequeninas. O que nos move, e o foco da nossa luta, é a desigualdade que existe entre uma coisa e outra. A nossa proposta é que, se eles têm de trabalhar, deviam de ter contingentes. Ora, se o governo não quer contingentes, diga lá quais as compensações que vai dar ao setor. Tem de haver um equilíbrio”, defendeu.
Carlos Ramos considerou que, após oito dias de luta, a imagem do setor na opinião pública hoje “é muito diferente daquela de há dois anos porque muita gente já percebeu que os taxistas têm razão nas suas propostas”.
“Temos de saber sair daqui de cabeça erguida. O problema dos táxis não termina amanhã. Vai haver mais dias que teremos de ser mobilizáveis, ir para a porta do parlamento. Eventualmente, no dia em que forem votadas as propostas feitas hoje pelos partidos. A luta, como se diz, continua”, concluiu.
Os taxistas saem da Praça dos Restauradores, em Lisboa, a pé em direção à Assembleia da República, pelas 13:30, e acompanham no exterior o debate quinzenal, onde estará o primeiro-ministro.
Alguns representantes do setor contam estar nas galerias do parlamento a assistir ao debate.
Os protestos de hoje realizam-se igualmente no Porto, na Avenida dos Aliados, e em Faro, na Estrada Nacional 125, junto ao aeroporto, à semelhança dos últimos sete dias.
As associações representativas do setor do táxi reuniram-se na segunda-feira com um assessor do primeiro-ministro para a área económica, mas consideraram que o encontro foi “uma manobra de diversão”, já que não resultou “em nada”.
Os taxistas estão em protesto desde dia 19, com concentrações em Lisboa, Porto e Faro, contra a entrada em vigor, em 01 de novembro, da lei que regula as quatro plataformas que operam em Portugal – Uber, Taxify, Cabify e Chauffeur Privé.
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