“Não conseguimos fazer debates com todos no tempo que temos daqui até às eleições e, claramente, isso é um problema, mas podemos ter outros formatos e estamos disponíveis para os debater”, salientou.
Marta Temido, que falava aos jornalistas à margem de uma visita à feira agropecuária Ovibeja, foi questionada sobre as críticas à recusa do PS e da Aliança Democrática (AA) em participarem no modelo de debates sobre as europeias proposto pelas televisões.
Considerando que “o calendário é curto” até às eleições do dia 9 de junho, a candidata socialista admitiu que era “desejável que houvesse debates com todos”, mas lembrou que falta “um mês sensivelmente para as eleições europeias”.
“Parece-nos que seria mais sensato nós tentarmos equilibrar um calendário de presença televisiva, onde muitos nos seguem, com um contacto direto com as pessoas, onde também conseguimos chegar diretamente a cada um”, sublinhou.
A cabeça de lista do PS às europeias defendeu que os portugueses se “queixam da distância da política”, mas advertiu que esse descontentamento “não é da política televisiva, da política espetáculo e da política comentário”.
Os eleitores queixam-se que falta a “política de ouvirmos os outros e precisamos também de tempo para isso”, vincou, referindo que o PS fez uma contraproposta e aguarda agora uma decisão das direções dos meios de comunicação e das campanhas.
Questionada sobre o seu modelo preferido, Marta Temido respondeu que não tem, mas apontou que existem “várias hipóteses”.
“Debates em que todos estamos presentes é também uma forma de debate, com menos tempo, mas podemos multiplicar esses debates de forma a garantir que o contra-argumentário se faz mais vezes para as pessoas ficarem mais esclarecidas”, realçou.
Outra possibilidade seriam debates apenas com os candidatos das forças políticas que estão representadas no Parlamento Europeu, mas isso “excluiria partidos”, pelo que também “não seria desejável”, frisou.
De acordo com o jornal Expresso, o PS e a AD recusaram o modelo de debates proposto pela RTP, TVI e SIC para as eleições europeias de 9 de junho, no qual estavam previstos 28 frente-a-frente entre os cabeças de lista dos partidos com representação na Assembleia da República.
Estas forças políticas alegaram tratar-se de um número elevado de duelos, que afetaria a campanha eleitoral, e admitiram aceitar um calendário mais leve.
No sábado, no final da Comissão Nacional do PS, o líder socialista, Pedro Nuno Santos, afirmou que o seu partido tem que “fazer campanha na rua, no território, com as pessoas” e não passar “o tempo todo em debates e em comentários de debates”.
Também o cabeça de lista do PCP às eleições europeias, João Oliveira, já acusou o PS e a AD de não quererem “confrontar-se com o escrutínio” nos debates televisivos, defendendo que a recusa prejudica a mobilização do eleitorado às urnas.
Já a cabeça de lista do BE às eleições europeias, Catarina Martins, acusou PS e PSD de quererem esconder os seus candidatos por terem rejeitado o modelo de debates proposto, e insistiu nos frente a frente.
Por sua vez, o líder da IL, Rui Rocha, apontou a estes dois a autoria de “um ataque à democracia” por estarem a “tentar impedir” a realização de debates sobre as eleições europeias com todos os partidos.
Comentários