No dia em que chega o inverno, o presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono (APCMS), Miguel Meira e Cruz, chama a atenção para alguns comportamentos “aparentemente inócuos” que as pessoas têm para aumentar o conforto e o bem-estar nas suas casas, mas que podem representar alguns riscos para a saúde.
Entre esses atos, o investigador do Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa aponta o acendimento de lareiras ou aquecimentos, o aumento das temperaturas dos banhos e dos alimentos ou o encerramento de portas e janelas.
As velas, incensos, produtos de limpeza ou simples atividades como cozinhar e aspirar também podem promover a emissão de uma grande variedade de poluentes (matéria particulada, compostos orgânicos voláteis, formaldeído, entre outros).
“Alguns destes comportamentos podem ser arriscados e, em muitos casos, comprometer mesmo a saúde” porque alteram a qualidade do ar nos espaços interiores, diz Miguel Meira e Cruz num comunicado enviado à agência Lusa.
Para minimizar a exposição e o impacto dos poluentes na saúde, “é essencial ventilar corretamente os espaços para diluir os poluentes”, dando especial atenção aos espaços onde se dorme para “garantir uma boa ventilação e, assim, um sono repousado e de qualidade”.
Miguel Meira Cruz lembra que, durante o período de sono, o organismo se encontra “mais vulnerável, com menor capacidade de responder de forma adequada a desafios ambientais”.
“Existem mesmo momentos durante o sono em que dependemos muito do ambiente externo, de tal forma que os mecanismos de controlo homeostáticos, que procuram estabelecer um equilibro orgânico, nem sempre funcionam de acordo”, disse, dando como exemplo o impacto das variações da temperatura enquanto se dorme na qualidade do sono.
Além disso, a ventilação inadequada dos espaços promove a acumulação de poluentes, a qual pode gerar, caso exista vulnerabilidade individual, um maior ou menor impacto na função respiratória durante o sono.
Este impacto pode caracterizar-se por promover um aumento do risco de perturbação respiratória, assim como um aumento de despertares e, consequentemente, uma má qualidade de sono, explicou.
“Estes aspetos podem ser particularmente significativos em idades extremas por diferentes motivos e, sobretudo, em doentes com alterações de sono estabelecidas ou com doença respiratória não controlada”, explicou.
Cláudio D'Elia, pneumologista pediátrico e membro da APCMS, também reconhece que a qualidade do ar é um fator determinante para o controlo da função respiratória nas crianças e que a atenção dedicada a este aspeto pode muitas vezes evitar complicações que afetam, por exemplo, os asmáticos.
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