"O mais espetacular ficou para trás. Houve outra explosão solar no domingo e, portanto, talvez ainda haja uma hipótese de ver pequenas coisas a acontecerem, mas não a olho nu", explicou esta segunda-feira à agência France-Presse (AFP) Eric Lagadec, astrofísico do Observatório Côte d'Azur-UCA.
As explosões de partículas do Sol, que desencadearam uma forte tempestade geomagnética ao atingir a Terra na sexta-feira, continuaram a atingir a sua atmosfera exterior até à madrugada desta segunda-feira.
Nos Estados Unidos, o alerta permaneceu em vigor até às 07:00 (horas portuguesas) de segunda-feira, de acordo com o Centro de Previsão do Clima Espacial dos EUA (SWPC, na sigla em inglês) e a agência dos EUA para os Oceanos e a Atmosfera (NOAA, na sigla em inglês).
Da Áustria à Califórnia, da Rússia à Nova Zelândia, fotos em tons de azul, laranja ou rosa enfeitaram as redes sociais durante o fim de semana, com Portugal também a ser ‘contemplado’.
As explosões solares, chamadas ejeções de massa coronal, que podem levar vários dias para chegar à Terra, causaram este evento, criando as auroras boreais e austrais, ao entrar em contacto com o campo magnético da Terra.
O fenómeno luminoso, excecional em latitudes tão baixas, já se tinha enfraquecido durante a noite de sábado para domingo, particularmente em França onde “só os mais experientes em fotografia conseguiram captá-los”, acrescentou Eric Lagadec.
A tempestade solar não acabou e o fenómeno pode continuar, mas com menos intensidade, concentrando-se de forma mais clássica em direção ao Polo Norte - onde a aurora boreal é difícil de ver, porque é de dia naquela região na maior parte do tempo.
“A fonte da tempestade é uma mancha solar que está agora na borda do Sol. A priori, as próximas ejeções (de massa coronal) não estarão, portanto, na direção da Terra”, especificou Eric Lagadec.
A tempestade “diminuirá gradualmente nos próximos dias” e há poucas hipóteses de o espetáculo continuar na segunda e terça-feira, sublinhou também Quentin Verspieren, que coordena o programa de segurança espacial da ESA (Agência Espacial Europeia).
Mas “o comportamento do Sol é muito difícil de prever”, acrescentou este especialista.
A sexta-feira deu origem à primeira tempestade geomagnética ‘extrema’ desde 2003, de nível 5, então apelidada de “as tempestades de Halloween”.
Embora as autoridades estivessem preocupadas com as possíveis consequências nas redes elétricas e de comunicações, ainda não foram observadas perturbações importantes.
O bilionário Elon Musk, cuja rede de internet Starlink conta com milhares de satélites em órbita baixa, garantiu no X que todos estes “resistiram à tempestade geomagnética” e que permaneceram “com boa saúde”.
Relativamente ao tráfego aéreo, a agência de aviação civil norte-americana (FAA, na sigla em inglês) frisou na sexta-feira que não esperava “consequências significativas”, tendo aconselhado as companhias aéreas e os pilotos a anteciparem possíveis perturbações, que pudessem perturbar as ferramentas de navegação.
A maior tempestade solar já registada ocorreu em 1859, segundo a NASA. Também conhecido como evento Carrington, interrompeu seriamente na altura as comunicações telegráficas.
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