“Antes de se afirmar como o defensor das alterações climáticas e o defensor do povo, ou o defensor da igualdade e justiça, ele precisa de pedir desculpa pelo seu fracasso em resolver o antissemitismo no Partido Trabalhista”, afirmou May durante o debate semanal com os deputados na Câmara dos Comuns.
A chefe do governo referiu o texto assinado por 64 membros do Partido Trabalhista da Câmara dos Lordes e publicado hoje numa página inteira no diário The Guardian, onde acusam Corbyn de ser responsável por uma “cultura tóxica” ao permitir que o antissemitismo corrompa o partido.
Os signatários incluem os antigos ministros Peter Hain, John Reid e Peter Mandelson e outras figuras públicas, incluindo a apresentadora de rádio Joan Bakewell e o cientista Robert Winston, os quais lamentam que os judeus não se sintam bem-vindos no partido.
“Não estamos a perguntar se você é um antissemita. Estamos a dizer que você é responsável como líder por permitir que o antissemitismo cresça no nosso partido e por presidir ao período mais embaraçoso da história do Partido Trabalhista”, referem.
O texto foi publicado na sequência de uma reportagem emitida na BBC, em que oito antigos funcionários do ‘Labour’ acusaram o partido de não agir relativamente a membros acusados de antissemitismo, além de terem revelado que membros próximos do líder interferiram nos processos, o que o gabinete de Corbyn negou.
Theresa May considera que o líder da oposição “falhou o teste da liderança e deve pedir desculpa agora”, vincando: “Este é o seu legado, senhor Corbyn. Ainda não abriu os olhos, ainda não disse a verdade toda, ainda não aceitou a sua responsabilidade”.
Corbyn respondeu, invocando o facto de ter sido o partido Trabalhista a introduzir legislação antirracismo no Reino Unido.
“Este partido opõe-se totalmente ao racismo em qualquer forma possível. O antissemitismo não tem lugar na nossa sociedade e em nenhum dos nossos partidos, e não tem lugar em qualquer do nosso diálogo. Nem tem qualquer forma de racismo”, garantiu.
Corbyn replicou, aludindo a uma sondagem que indicou que 60% dos membros do partido Conservador pensam que o Islamismo é uma ameaça à sociedade Ocidental para lembrar a controvérsia no partido Conservador.
“A primeira-ministra disse que ela iria combater a islamofobia no seu próprio partido, eu espero ver isso acontecer, tal como nós o faremos com qualquer racismo que ocorrer no nosso próprio partido”, prometeu Corbyn.
A controvérsia remonta a 2016, quando a deputada Naz Shah foi forçada a pedir desculpa publicamente por ter publicado mensagens na rede social Facebook que insinuavam que os judeus deveriam ser deportados para os EUA.
Pouco depois, o antigo ‘Mayor’ de Londres Ken Livingstone deu uma entrevista em que disse que Hitler apoiou o sionismo e que existe um “lóbi de Israel” que denuncia os críticos da política daquele país como antissemitas, o que resultou num processo disciplinar.
Um inquérito interno exonerou o partido de antissemitismo generalizado, mas identificou uma “atmosfera ocasionalmente tóxica”, exacerbada por um número crescente de denúncias dentro do partido e de casos disciplinares em atraso.
No final de maio, a Comissão de Igualdade e Direitos Humanos (EHRC) britânica anunciou o início de investigação oficial ao antissemitismo no partido Trabalhista no âmbito da lei para a igualdade.
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