O ex-espião russo Sergei Skripal e a sua filha foram envenenados com "um agente químico nervoso de grau militar desenvolvido pela Rússia", disse May aos deputados. A líder do governo britânico acrescentou que o governo concluiu que o envolvimento da Rússia neste caso é "muito provável".
No parlamento, May disse que "é agora claro que o senhor Skripal e a sua filha foram envenenados com um agente químico nervoso de grau militar desenvolvido pela Rússia. O veneno foi identificado como parte de um grupo de agentes químicos nervoso conhecidos como Novichok", adiantou a líder do governo britânico.
"Com base nesta identificação do agente químico (...), no nosso conhecimento de que a Rússia já produziu este agente químico e de que continua capaz de o produzir, com base no histórico russo de conduzir assassinatos promovidos pelo Estado, e da nossa percepção de que a Rússia vê desertores como alvos legítmos de assassinato, o Governo concluiu que é muito provável que a Rússia seja responsável pelo ataque contra Sergei e Yulia Skripal", disse May.
Assim, continuou, "há apenas duas explicações plausíveis para o que aconteceu em Salisbury a 4 de março: ou foi um ataque direto do estado russo contra o nosso país, ou o governo russo perdeu o controlo desde agente químico nervosos potencialmente catastrófico e permitiu que chegasse à mão de terceiros".
O embaixador da Rússia em Londres foi convocado para explicar se o ato "foi uma ação direta do estado russo", acrescentou. No âmbito deste encontro, o Reino Unido exigiu uma explicação oficial à Rússia até ao final desta terça-feira.
A resposta de Moscovo será tida em consideração, disse May, adiantando porém que na ausência de uma explicação credível, o Reino Unido "irá concluir que se tratou de uma ação ilegal de uso da força pelo estado russo contra o Reino Unido. E iremos regressar a esta casa e definir medidas a tomar em resposta".
"Esta tentativa de homicídio através da utilização de uma arma química com base num agente nervoso numa cidade britânica não foi apenas um crime contra os Skripal. Foi um ataque indiscriminado e irresponsável contra o Reino Unido, colocando a vida de civis inocentes em risco", concluiu.
A chefe do governo britânico, Theresa May, reuniu-se hoje com o Conselho Nacional de Segurança para avaliar os últimos desenvolvimentos sobre o caso do envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal e da filha.
Sergei Skripal, de 66 anos, e a filha Julia Skripal, de 33 anos, continuam hospitalizados “em estado crítico”, segundo as autoridades, depois de terem sido encontrados inconscientes em Salisbury, após terem sido expostos de forma intencionada a um agente nervoso.
O polícia britânico Nick Bailey, que encontrou o pai e a filha sentados num banco, também ficou afetado e está internado, sendo que o seu estado de saúde “considerado grave, mas estável”. O agente está consciente e com “capacidade para falar”, anunciaram as autoridades.
O executivo de Londres pediu no domingo às pessoas que se encontravam no restaurante italiano Zizzi’s, em Salisbury, e num bar da mesma zona para que lavem toda a roupa que vestiam no dia do ataque e que mantenham o vestuário fechado em sacos de plástico.
O restaurante e o bar são dois dos cinco locais que estão a ser examinados pelas autoridades que tentam reconstruir o percurso de Skripal e da filha no dia em que foram expostos ao agente nervoso.
Os cidadãos da zona foram também alertados para limparem os aparelhos eletrónicos e objetos como carteiras e mochilas e a lavarem com água quente e detergente outros artigos como joias e óculos.
A polícia está igualmente a investigar a residência de Sergei Skripal e o cemitério onde estão sepultados a mulher e o filho do ex-espião russo.
Mais de 250 agentes da unidade antiterrorista trabalham na investigação tendo sido interrogadas, até ao momento, 240 testemunhas.
Mais de 200 objetos foram apreendidos pelas autoridades na sequência das investigações.
Muitos veículos que se encontravam estacionados na zona do ataque foram retirados pelos militares durante o fim de semana, incluindo uma ambulância.
Sergei Skripal, ex-agente dos serviços secretos militares de Moscovo, foi processado na Rússia em 2004 por ter colaborado com os serviços de informações britânicos (MI6), mas conseguiu refugiar-se no Reino Unido em 2010, depois de ter sido libertado no quadro de uma troca de espiões entre os dois países.
O The Times revelou entretanto que o ex-espião russo Sergei Skripal encontrava-se todos os meses num restaurante com o seu antigo contacto nos serviços secretos britânicos, o MI6.
O ex-agente e o seu antigo “contacto” britânico conversavam de forma regular em inglês e em russo sobre certos negócios na Polónia, entre outros assuntos, segundo o The Times, que sublinhou existirem dúvidas sobre se Skripal continuava a trabalhar nos serviços secretos.
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