De acordo com o Público, a peça vai a leilão a 12 de maio, com uma base de licitação entre 170 e 350 mil francos suíços (153 e 317 mil euros).
João Júlio Teixeira, especialista em jóias antigas e membro do comissariado que está a preparar a exposição do futuro Museu do Tesouro Real, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, justificou a relevância da peça em questão, que o museu gostaria de adquirir.
"Pela sua importância — tanto histórica, como artística — esta jóia deve, sem margem para dúvida, ser adquirida pelo Estado português por forma a enriquecer e completar o acervo público de joalharia histórica", foi referido num documento a que o jornal teve acesso.
Por sua vez, José Alberto Ribeiro, diretor do Palácio da Ajuda, refere que "esta é a tiara representada na iconografia da primeira rainha constitucional portuguesa", pelo que faz ainda mais sentido que seja inserida na coleção do futuro Museu do Tesouro Real.
"Sabemos que estes são tempos muito difíceis ao nível dos orçamentos e que há outras preocupações nos museus, mas devíamos tentar comprá-la", explica. "Ao mesmo tempo, estou já à procura de mecenas que nos possam ajudar", frisou.
O futuro da tiara de D. Maria II
Segundo a descrição da leiloeira, trata-se de uma coroa cravejada de diamantes e safiras, com "uma notável safira birmanesa no centro".
Esta coroa terá sido herdada pela filha da rainha infanta D. Antónia, quando se casou, em 1861, com Leopoldo, príncipe de Hohenzollern-Sigmaringen.
A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), contactada pela agência Lusa, afirmou que "está a analisar a situação e a obter todas as informações necessárias (relativamente a uma eventual aquisição)", através do diretor do Palácio Nacional da Ajuda, José Alberto Ribeiro.
O palácio tem previsto inaugurar, em breve, uma exposição sobre a rainha, no âmbito dos 200 anos da Revolução Liberal de 1820.
O Estado tem previsto a efetivação do Museu do Tesouro Real, no Palácio da Ajuda, com abertura prevista para junho.
Mais jóias em leilão
Em Genebra, a leilão vai também um conjunto de adornos, igualmente em safiras e diamantes, da coleção de Estefânia de Beauharnais, filha adotiva de Napoleão I (1769-1821), que foi grã-duquesa de Baden (1789-1860), por casamento com Carlos I, de Baden, em abril de 1806.
O conjunto totaliza nove peças, incluindo uma tiara, um par de brincos, dois pingentes e broches, bem como um anel e uma pulseira, que vão à praça em lotes individuais.
Para este conjunto foram utilizadas 38 safiras originárias do Ceilão, atual Sri Lanka, segundo a leiloeira.
Um documento, encontrado no estojo, atesta que as joias foram oferecidas a Estefânia, sobrinha da imperatriz Josefina, que Napoleão adotou como filha em março de 1806, pela sua prima Hortense de Beauharnais.
"Uma origem muito provável", afirma a leiloeira em comunicado, referindo as "muitas pinturas", nas quais Hortense e a mãe, a imperatriz Josefina, podem ser vistas usando adornos preciosos".
Documentação relativa a Hortense, atualmente no Arquivo Napoleão, em Paris, "evidenciam a sua fortuna, entre 1817 e 1837, quando faleceu".
Os documentos, segundo a mesma fonte, demonstram que, em 1816, Hortense deixou Paris com pouco dinheiro, mas muitas joias.
Este conjunto, após a morte de Estefânia, foi herdado pela sua segunda filha, Josefina, princesa de Hohenzollern-Sigmaringen.
Do conjunto faria parte um cinto decorado com pedras preciosas, um adereço comum na corte de Napoleão I.
Os cintos decorados com pedras preciosas faziam parte de qualquer conjunto de joalharia, já que, segundo o figurino de moda, a cintura era muito alta nos vestidos e as damas da corte precisavam de um cinto que era colocado logo abaixo do decote.
Segundo a mesma fonte, "parece que o cinto foi remodelado em 'bandeau-tiara' e pulseira pela princesa Josefina, que morreu em 1900, aos 83 anos".
No testamento, a princesa deixou o conjunto (colar, 'bandeau-tiara', brincos, pingentes e pulseira) para a mais filha velha.
(Notícia atualizada às 19h32)
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