“Por favor, não me deixe morrer na prisão à espera de uma hipótese para ser livre”, disse Joe Exotic, cujo verdadeiro nome é Joseph Maldonado-Passage, ao juiz federal que o havia condenado em janeiro de 2020 a 22 anos de prisão por contratar dois homens diferentes para tentar matar a ativista dos direitos dos animais Carole Baskin.
Vestindo um fato laranja do estabelecimento prisional, Maldonado-Passage, de 58 anos, apresentou-se na audiência com o seu penteado ‘mullet’ – marca registada –, mas com o loiro descolorado para castanho e cinzento.
Carole Baskin e o seu marido, Howard Baskin, também estiveram presentes no tribunal. A mulher disse que temia que Maldonado-Passage pudesse ameaçá-la.
“Ele continua a alimentar sentimentos fortes de má-fé em relação a mim”, disse Carole Baskin na audiência.
A vítima disse que, mesmo com Joe Exotic na prisão, continuou a receber “mensagens vis, abusivas e ameaçadoras” nos últimos dois anos.
Carole Baskin disse ao juiz que acredita que Maldonado-Passage representa uma ameaça ainda mais séria, uma vez que agora tem um maior grupo de apoiantes devido à popularidade série da plataforma de ‘streaming’ Netflix.
Os advogados de “Tiger King” disseram ao juiz que o seu cliente tem um cancro na próstata em estágio um, em conjunto com uma doença que compromete o seu sistema imunológico, tornando-o particularmente vulnerável à covid-19.
O cancro da próstata em estágio um significa que a doença foi detetada prematuramente e não se espalhou por outros órgãos. Maldonado-Passage disse que planeava adiar o tratamento para depois da sentença.
A sua advogada Amy Hanna disse ao juiz que o ex-criador de tigres não está a receber os cuidados médicos adequados dentro do sistema penitenciário federal e que uma sentença longa é uma “sentença de morte para Joe, que não merece”.
Os procuradores também disseram ao juiz que Joe Exotic recebeu um processo disciplinar em setembro, por posse de um telemóvel e auscultadores não autorizados, que não foi incluído no relatório pré-condenação.
Maldonado-Passage já havia tido quatro registos disciplinares, embora tenham sido “relativamente menores e não violentos”, acrescentaram.
O processo judicial de sexta-feira surgiu depois de um Tribunal de Primeira Instância ter decidido no ano passado que a pena que Joe Exotic está a cumprir por uma condenação por tentativa de assassínio deveria ser menor.
Apoiantes de “Tiger King” lotaram o tribunal, alguns usavam máscaras com animais e camisolas que diziam “Free Joe Exotic” (Libertem Joe Exotic, em portugês).
Os advogados de Joe Exotic disseram que vão apresentar recurso.
“A defesa apresentou uma série de anexos que mostravam o envolvimento excessivo do governo na criação do crime pelo qual ele foi condenado. Vamos continuar com a nossa contestação pós-condenação […]”, disse a advogada Molly Parmer aos jornalistas, após a audiência.
Em julho de 2021, um tribunal federal decidiu que “Tiger King” devia ter uma sentença de prisão mais pequena pela tentativa de homicídio de uma ativista e violação das leis federais sobre vida selvagem.
Joe Exotic foi condenado em janeiro do ano passado a 22 anos de prisão por contratar dois homens diferentes para tentar matar a ativista dos direitos dos animais Carole Baskin.
“Tiger King” decidiu recorrer da decisão do Tribunal de Primeira Instância e o tribunal da Relação deu-lhe razão.
“Tiger King” começou por ser conhecido pelo seu parque zoológico com tigres e posteriormente devido a um programa e documentário na Netflix, no qual se questionava os seus métodos de trabalho, o tratamento dos animais e a relação conflituosa com Carole Baskin.
Na altura, o tribunal considerou que deveria haver uma única condenação e não duas, uma vez que ambos envolviam o mesmo objetivo: matar Baskin, que dirige um santuário de resgate para grandes felinos na Flórida.
O coletivo de juízes considerou que o Tribunal de Primeira Instância deveria ter condenado Maldonado-Passage a uma pena entre 17,5 anos e pouco menos de 22 anos de prisão, em vez da pena entre 22 e 27 anos de prisão que decretou.
Perante esta decisão, o tribunal ordenou ao Tribunal de Primeira Instância que voltasse a condenar Maldonado-Passage.
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