Os Falsos-Voadores-Triglídeos, mais conhecidos como "tordos marinhos" têm uns apêndices semelhantes a pernas, que utilizam não só para caminhar como para "saborear" as presas que descobrem enterradas no fundo do mar, explica um grupo de investigadores da Universidade de Havard, nos Estados Unidos da América (EUA), na revista científica Current Biology.

Segundo avança o The Guardian, os seis elementos são formados por barbatanas modificadas e, até então, sabia-se que os peixes os utilizavam para caminhar pelo fundo do mar e para virar conchas à procura de presas.

Contudo, alguns investigadores suspeitavam que estes os ajudavam a detetar os alimentos e a saboreá-los.

A equipa de investigadores dos EUA conta que colocou "tordos-do-mar" em tanques com água e areia para o comportamento dos peixes. Enterrados na areia estavam mexilhões, cápsulas com extrato de mexilhão e cápsulas com água do mar.

Os peixes localizaram as cápsulas com as substâncias, mas essa capacidade diminuía conforme a profundidade a que os moluscos estavam enterrados aumentava, o que para a equipa evidencia que os peixes utilizam os seus membros para detetar substâncias químicas libertadas pelas presas.

Os investigadores descrevem ainda que as "pernas" dos tordos-do-mar são cobertas por pequenas saliências, semelhantes às da língua humana, que contêm recetores, sugerindo que as mesmas podem aumentar a sensibilidade ao toque e ao sabor.

Durante a experiência, a equipa observou que a espécie conhecida como Prionotus carolinus encontrava sempre todos os mexilhões e as cápsulas com extrato de mexilhão, mas não as cápsulas com água do mar.

Foi então que, mais tarde, e analisando os nervos dos membros da espécie, se verificou que os mesmos só reagiam quando os membros eram expostos a produtos químicos relacionados com alimentos como os aminoácidos.

Já a espécie Prionotus evolans não cavava e não encontrava as presas enterradas, permitindo concluir que os seus nervos não respondem aos produtos químicos relacionados à alimentação, ao mesmo tempo que não possuem membros com saliências.

Ao analisar várias espécies de tordos-marinhos, os norte-americanos acreditam que os seus elementos "extra" servem, de facto, para os peixes se movimentarem, mas que outras capacidades como a sensibilidade e o paladar foram desenvolvidas ao longo da evolução dos peixes.

Corey Allard, coautor da pesquisa, destaca que os tordos-do-mar podem ajudar a estudar como novas parte do corpo surgem durante a evolução e como novas características se formam, assim como o cérebro evolui e se adapta a tais mudanças.

“Estes pequenos peixes estranhos e loucos têm muitas coisas que, provavelmente, não poderíamos aprender com um organismo de pesquisa mais convencional como um rato”, finaliza.