![Torre Grenfell vai ser demolida. Passaram quase oito anos desde o incêndio que matou 72 pessoas](/assets/img/blank.png)
Angela Rayner, vice-primeira-ministra e secretária da Habitação do Reino Unido, encontrou-se com familiares de vítimas e sobreviventes na quarta-feira à noite e “anunciou a decisão de que a torre terá de ser cuidadosamente desconstruída”, segundo um porta-voz da Grenfell Next of Kin citado pelo The Guardian.
Contudo, ainda são esperados mais pormenores por parte do governo, que tinha dito anteriormente que não haveria alterações no local antes do oitavo aniversário da catástrofe, que se completa em junho deste ano.
Muitas famílias afirmaram que a estrutura deve permanecer no local até que sejam instaurados processos penais sobre as falhas que levaram ao incêndio. A espera de quase uma década por justiça foi descrita como "insuportável" por alguns.
O grupo Grenfell United, que representa alguns dos sobreviventes e famílias, disse na quarta-feira à noite que as vozes dos enlutados estavam a ser ignoradas. "Dissemos isto a todos os secretários de Estado da Habitação desde o início: consultem os enlutados e os sobreviventes de forma significativa antes de tomarem uma decisão sobre a torre".
"Angela Rayner não conseguiu justificar a sua decisão de demolir a torre", defenderam ainda.
Até agora, o governo apenas disse que "a prioridade da vice-primeira-ministra é encontrar-se com os enlutados, os sobreviventes e a comunidade imediata e escrever-lhes para lhes dar a conhecer a sua decisão sobre o futuro da Torre Grenfell".
"Trata-se de um assunto profundamente pessoal para todos os afectados e a vice-primeira-ministra está empenhada em manter a sua voz no centro desta questão", acrescentou.
O que resta de Grenfell
Atualmente, o que resta da torre está no lugar desde 2017, com uma cobertura no edifício com um grande coração verde acompanhado pelas palavras "para sempre nos nossos corações".
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Segundo o jornal Daily Telegraph, a conservação das ruínas queimadas da Torre Grenfell e o planeamento de um memorial já terão custado cerca de 340 milhões de libras (403 milhões de euros).
A Comissão do Memorial da Torre Grenfell tem estado a consultar os planos para um memorial permanente na área da torre. Num relatório de 2023, a comissão apresentou recomendações para um “espaço sagrado”, concebido para ser um “lugar pacífico para recordar e refletir”.
A comissão afirmou que espera que o projeto do memorial esteja suficientemente desenvolvido para permitir a apresentação de um pedido de planeamento no final de 2026, tendo sido elaborada no mês passado uma lista restrita de cinco potenciais projetos.
O que se sabe sobre o incêndio
De acordo com o relatório final do inquérito, realizado ao longo de seis anos e publicado em setembro de 2024, o incêndio foi o “culminar de décadas de fracasso do governo e de outros organismos com posições de responsabilidade no sector da construção”.
O relatório destaca a “desonestidade sistemática” das empresas de materiais de construção" que adoptaram “estratégias deliberadas (...) para manipular o processo de testes, distorcer os dados e enganar o mercado”.
A primeira fase da investigação, publicada em outubro de 2019, tinha concluído que o revestimento da fachada foi a “principal causa” da propagação do incêndio.
Os bombeiros de Londres são também fortemente criticados por não terem aprendido as lições de um incêndio anterior, em 2009, que “deveria tê-los alertado” para as suas dificuldades “no combate a incêndios em edifícios altos”.
Os residentes que chamaram os bombeiros foram aconselhados a permanecer nos seus apartamentos e a aguardar ajuda, tendo acabado por morrer.
No total, viviam dez portugueses no edifício, tendo todos sobrevivido.
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