Os trabalhadores da IP, empresa pública que resulta da fusão da Estradas de Portugal e da Refer, têm marcada uma greve parcial para quinta-feira (de uma hora por turno) e uma de 24 horas na sexta-feira.
“Estes trabalhadores não veem o seu salário valorizado desde 2009 e consideramos que, além do que foi o descongelamento e a retirada até de salários dos trabalhadores, é urgente haver um sinal claro do Governo para que apresente uma proposta concreta que possamos aceitar para a valorização dos salários dos trabalhadores”, disse hoje à agência Lusa o coordenador do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF), Abílio Carvalho.
Os trabalhadores, que esta manhã iniciaram a marcha na Praça do Saldanha, percorreram a Avenida da República até se concentrarem em frente ao Ministério do Planeamento e das Infraestruturas, gritavam palavras de ordem, tais como, “É justo e necessário o aumento do salário!” ou “Negociação com imposição não!”.
Uma comissão sindical esteve na segunda-feira e mantém-se hoje reunida em Lisboa com representantes do Ministério do Planeamento e das Infraestruturas, Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social e do Ministério das Finanças, após uma tentativa de acordo falhado com o Governo e a administração da empresa, e que envolve nomeadamente aumentos salariais, adiantou fonte sindical.
“Estamos à espera de uma proposta que possamos aceitar para a valorização salarial dos trabalhadores, para que depois o processo negocial possa decorrer, como estamos a fazer com a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT)”, explicou à Lusa o Abílio Carvalho.
Segundo o sindicalista, na reunião de negociação na segunda-feira não saiu “nada de concreto” que permitisse à comissão sindical “ponderar ou considerar”.
“Nós o que exigimos é que esta reunião, ao contrário do que existiu há algum tempo, seja séria e que hajam dados concretos” para os sindicalistas possa apresentá-los aos trabalhadores, pois a reivindicações “são justas”.
Em declarações à Lusa, João Batista, trabalhador há 17 anos na empresa, vindo da antiga Estradas de Portugal, lamentou o facto de a fusão que deu origem à IP ter sido “muito mal feita”, lembrando que foi “uma fusão que foi uma confusão”.
A fusão, realçou, trouxe “grandes diferenças salariais e grandes diferenças de condições de trabalho” que os trabalhadores querem também que sejam corrigidas no novo ACT igual para todos que incluirá os trabalhadores das estradas das IP participadas e Refer.
“O aumento de salários é justo, se olharmos para a inflação temos uma perda de salário entre 15% a 20%”, explicou à Lusa o trabalhador, lamentando que o novo ACT tenha vindo a ser “empurrado com a barriga" para a frente.
Na quinta-feira, o pré-aviso de greve prevê uma hora no seu turno de trabalho, a uma hora fixa - entre as 00:00 e a 01:00, entre as 08:00 e as 09:00 e entre as 16:00 e as 17:00 e depois uma greve de 24 horas na sexta-feira.
Os trabalhadores da IP estiveram em greve no dia 02 de abril, depois de uma tentativa de acordo falhado com o Governo e a administração da empresa, que envolve nomeadamente aumentos salariais.
No dia 04 de abril, após uma reunião da Comissão de Trabalhadores e sindicatos, os representantes dos trabalhadores anunciaram que dariam 15 dias à administração da IP e ao Governo para criarem condições para um acordo que vá ao encontro das pretensões dos trabalhadores e "lamentam que a postura pouco séria" da administração e Governo tenha obrigado os trabalhadores a mais um esforço na defesa das suas reivindicações, em particular, da exigência do aumento intercalar dos salários que são os mesmos desde 2009".
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