“Temos um pré-aviso de greve que é no seguimento das greves que temos tido, com esta já é a quinta greve de 24 horas”, afirmou o presidente do Sindicato Independente dos Trabalhadores da Rodoviária de Lisboa (SITRL), João Casimiro, em declarações à agência Lusa, referindo que está ainda a decorrer uma greve ao trabalho extraordinário.
A greve de 24 horas convocada para a próxima terça-feira, 02 de novembro, é mais uma ação de luta dos trabalhadores da RL para reivindicar “salários dignos” da profissão que exercem, indicou o sindicalista João Casimiro, explicando que, “neste caso, um motorista de transportes públicos tem 700 euros de ordenado base quando noutras empresas de transporte público já se atingiu o valor dos 750 [euros] em acordo”.
“A administração teima em não querer aumentar os salários, quer que nós fiquemos colocados ao ordenado mínimo nacional, e nós achamos que isso, para além de ser injusto, não faz parte da ética de um empresário, neste caso como o senhor Humberto Pedrosa, que é o presidente do grupo Barraqueiro. Acho que devia ter um bocadinho mais de atenção destas situações”, declarou o presidente do SITRL.
No ‘site’ da empresa consta já o seguinte aviso: “A Rodoviária de Lisboa recebeu um pré-aviso de greve para o dia 02 de novembro. Pedimos desculpa por qualquer perturbação no normal funcionamento do serviço”.
A Lusa contactou a empresa RL, para obter mais informações sobre a greve da próxima terça-feira, inclusive o impacto previsto no funcionamento do serviço de transporte público e os motivos indicados pelos sindicatos que representam os trabalhadores para a realização desta ação de luta, aguardando ainda uma resposta.
A greve de 24 horas dos trabalhadores da RL vai coincidir com a realização de uma greve parcial por parte dos trabalhadores do Metropolitano de Lisboa, também agendada para terça-feira, numa semana em que a capital recebe o evento internacional Web Summit, entre segunda e quinta-feira.
Segundo o presidente do SITRL, os sindicatos que representam os trabalhadores da RL estão disponíveis para negociar com a administração da empresa, que se faz representar pela Associação Nacional de Transportes de Passageiros (ANTROP), mas tal foi recusado.
“A ANTROP, como nós tínhamos um pré-aviso de greve, neste caso para o dia 02 [de novembro], não negoceia, diz que não negoceia sob pressão”, indicou o sindicalista João Casimiro.
A Lusa tentou contactar a ANTROP, mas sem sucesso até ao momento.
“A nossa luta, basicamente, é reivindicar ordenados base dignos da nossa profissão”, reforçou o presidente do SITRL, adiantando que os trabalhadores vão continuar a marcar mais greves, inclusive na terça-feira decidirão em plenário as próximas datas.
O objetivo é conseguir “um ordenado justo” porque consideram que a categoria de motorista de transportes públicos “não tem que ser uma categoria que seja pautada pelo ordenado mínimo nacional”, apontou o sindicalista.
“Se não houver por parte da administração ou da ANTROP uma vontade de fazer alguma coisa em relação aos ordenados que nós temos, vamos continuar sempre a lutar, até ao fim”, frisou João Casimiro.
Sobre a adesão à greve na terça-feira, em que foram decretados serviços mínimos, o presidente do SITRL disse que, “se for igual às últimas greves, deve rondar à volta dos 70% a 75%”, explicando que há trabalhadores que “têm medo de serem despedidos” porque “a empresa, infelizmente, pressiona as pessoas”, em particular as que estão em situação precária.
A Rodoviária de Lisboa, empresa de transporte rodoviário de passageiros, opera nos concelhos de Lisboa, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira, todos no distrito de Lisboa, servindo cerca de 400 mil habitantes.
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