A concentração de trabalhadores da TSF foi convocada pela Comissão Mista, conforme aprovado no plenário do passado dia 26 de janeiro.
Esta iniciativa acontece depois da "ausência de resposta à proposta de ajustes salariais para todos os trabalhadores da TSF em 2023, entregue na reunião do passado dia 16 de fevereiro, com o CEO [presidente executivo] do GMG, Marco Galinha, com o administrador Domingos Andrade e com o diretor de recursos humanos Domingos Gonçalves", de acordo com o comunicado enviado a que a Lusa teve acesso.
A concentração está marcada para 02 de março, entre as 10:00 e as 12:00, frente ao edifício H do Complexo Empresarial das Torres de Lisboa, na rua Tomás da Fonseca.
No início deste mês foi divulgado que o administrador financeiro (CFO) da GMG, Guilherme Pinheiro, iria sair do grupo que detém as marcas Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN) e TSF, entre outros.
Entretanto, a Comissão de Trabalhadores (CT) da Lusa, em comunicado divulgado na segunda-feira, refere que o presidente o Conselho de Administração indicou que "Helena Ferro Gouveia renunciou à administração da Lusa, onde era representante do grupo Global Media (de Marco Galinha, que tem ainda uma participação na Lusa pela Páginas Civilizadas), não sabendo quem o irá representar no momento em que a renuncia se efetivar".
O nome do novo representante tem de passar ainda pelo crivo da CRESAP - Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública e só depois será aprovado pela assembleia-geral da Lusa.
A Global Media, liderada por Marco Galinha, detém 23,36% da Lusa, tendo o gestor mais 22,35% da agência de notícias através da Páginas Civilizadas.
Lusa e TVI com plenários agendados para 4.ª feira
Os trabalhadores da Lusa e da TVI têm convocados plenários para quarta-feira para discutir as reivindicações de aumentos salariais e as propostas das respetivas administrações e discutir novas formas de luta.
Em 09 de fevereiro, os trabalhadores da TVI, canal da Media Capital, tinham aprovado em plenário um pré-aviso de greve, de 24 horas, para 08 de março, em que reclamam uma atualização salarial mínima de 8% para todos.
Na altura, Rolando Santos, da Comissão de Trabalhadores (CT) da TVI, tinha dito que 8% era o "mínimo aceitável, porque cobre a taxa de inflação", referindo "o historial da empresa" que "é muito mau, com muitos anos sem qualquer tipo de aumento" que conduziu a uma "degradação salarial muito acentuada".
Entre as outras reivindicações está a "atualização do subsídio de alimentação para o máximo permitido legalmente", a "concessão de 25 dias de férias anuais e outras questões que têm a ver com o plano de carreiras", destacou, referindo, na altura, que a CT só recuará caso este caderno reivindicativo seja aprovado a 100%.
Um dia depois, o Presidente da República alertou que só com uma "comunicação social forte" se pode garantir uma "democracia forte", ao comentar o anúncio de greve na TVI e a fase "muito difícil" que o jornalismo está a atravessar.
"Ando há anos a dizer que a comunicação social está a atravessar uma fase social e económica muito difícil, de grande precariedade, e para uma democracia forte, é preciso uma comunicação social forte. Se a comunicação social não é forte, a democracia não é forte", sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa, em 10 de fevereiro.
Também os trabalhadores da Lusa têm marcado um plenário para o mesmo dia - 01 de março - sobre o caderno reinvindicativo para 2023, aprovado pelos trabalhadores da Lusa em 03 de novembro, o qual inclui um aumento mínimo de 120 euros nos salários, a atualização do subsídio diário de refeição, pago em cartão, para o valor máximo não tributável, bem como a criação de um subsídio parental de 100 euros por cada filho/a, a ser pago juntamente com a retribuição do mês seguinte ao do regresso da licença parental, entre outros.
"Mais de dois meses após a entrega do caderno reivindicativo aprovado em plenário, os sindicatos representativos dos trabalhadores da Lusa foram ontem [22 de fevereiro] surpreendidos por uma contraproposta que consideram indigna", referiram as estruturas sindicais que representam os trabalhadores da agência de notícias em comunicado enviado em 23 de fevereiro.
Mais concretamente "é proposto o aumento de 35 euros no salário base mensal, o mesmo valor que a administração da Lusa já tinha orçamentado para este ano, antes do início das negociações", apontam os signatários do comunicado - Sindicato dos Jornalistas (SJ), Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (SITE CSRA) e o Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Serviços (SITESE).
Ora, "o tempo que os sindicatos deram à administração da Lusa neste processo foi de 'boa-fé' para que fosse apresentada uma contraproposta de atualizações salariais adequada que permitisse negociações efetivas, o que lamentavelmente não aconteceu".
Face a isto, os sindicatos convocaram um plenário para quarta-feira "para apresentação detalhada da contraproposta e ouvir os trabalhadores sobre a mesma e os passos a seguir, incluindo eventuais formas de luta", sendo que também vão pedir reuniões urgentes às tutelas da Cultura e das Finanças.
Entretanto, num comunicado divulgado na segunda-feira, a Comissão de Trabalhadores da Lusa também considera a proposta da administração "indigna".
Ou seja, "propor aos trabalhadores o que já estava previsto e orçamentado antes de qualquer processo negocial é um ato provocatório, atentatório e desrespeitador do espírito de boa-fé negocial, no qual assentou também a paciência dos trabalhadores que esperam desde janeiro, legitimamente e de pleno direito, até em comparação com o setor público onde a Lusa se insere, por aumentos salariais condignos, adequados ao momento que se atravessa e à qualidade do trabalho prestado, que a Lusa elogia, mas não traduz em atos", critica o órgão.
Aliás, "a proposta pode ser mesmo considerada uma ofensa aos trabalhadores da Lusa depois de mais de 10 anos sem aumentos efetivos e num momento de inflação histórica", prossegue a CT, salientado que na reunião que teve em 16 de fevereiro com o presidente da agência de notícias, Joaquim Carreira, este transmitiu que se tinha reunido com as Finanças, na qual apresentou ao novo secretário de Estado do Tesouro a Lusa e a sua missão".
O gestor saiu "desse encontro a indicação que apenas com a apresentação de um plano para aumento de receitas com sustentabilidade no curto prazo a Lusa poderá aplicar o modelo de aumentos salariais na função pública, que corresponde a aumentos de 5,1%", relata a CT.
A Comissão de Trabalhadores da Lusa "entende que, na sequência dessa reunião, apresentar aos sindicatos e, por esta via, aos trabalhadores, a proposta que a administração apresentou representa um 'atirar de toalha ao chão' que a administração não deveria sequer considerar e que os trabalhadores não podem aceitar".
O órgão sublinha que "à administração compete exigir e bater-se pelas valorizações salariais e melhorias de condições necessárias" e que "os trabalhadores da Lusa não esperam menos do que isto".
Já num comunicado de 16 de janeiro, a CT tinha informado que o presidente da Lusa tinha dito que a verba orçamentada de 200 mil euros para aumentos salariais na agência de notícias era "insuficiente para as reivindicações apresentadas pelos trabalhadores".
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