Carolina Almeida, membro da Comissão de Trabalhadores da TiN, falava na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no âmbito dos requerimentos dos grupos parlamentares do Livre e do PS sobre a situação em que se encontra o grupo.
Questionada pelo Bloco de Esquerda (BE) se houve má gestão, a CT referiu não poder responder a isso.
“Eu, pelo menos”, e o Rui da Rocha Ferreira, membro da CT também presente na audição, “não somos especialistas em gestão, temos a nossa perceção, e a palavra mais ouvida” sobre a situação do grupo “é inação”, afirmou.
Ou seja, “não sabemos se houve má gestão”, mas houve “uma inação”, rematou Carolina Almeida, referindo que ao longo do tempo deveriam ter sido “tomadas algumas ações”.
O sentimento é de que “deveria ter sido feito mais alguma coisa para não chegarmos a este ponto, as decisões deveriam ter sido mais duras” para “não colocar os trabalhadores nesta situação”, acrescentou.
Já Rui da Rocha Ferreira salientou que a gestão “boa não foi”, referindo que quando o PER não foi aprovado havia indicação de que havia dinheiro para pagar algumas dívidas.
“Mas se tinha dinheiro por que não meteu”, questionou, afirmando que a essa pergunta nunca houve resposta.
A Trust in News, do grupo liderado por Luís Delgado, detém 17 marcas e conta com 137 trabalhadores.
Rui da Rocha Ferreira salientou que, após a compra do grupo à Impresa, em 2018, a “fase da pandemia foi muito crítica”, a que se juntou depois a guerra na Ucrânia, em que “o preço do papel encareceu”, somando-se os salários em atraso.
Enquanto CT, “demos sempre o benefício da dúvida”, salientou, sublinhando que “Luís Delgado sempre teve abertura tanto com CT” como com os delegados sindicais e outros representantes.
“Sempre houve abertura para falar” com Luís Delgado, “sempre fomos alertando para os problemas que eram óbvios e nunca sentimos da parte da administração o mesmo nível de preocupação”, disse.
A CT apelou à intervenção do Governo na mediação junto dos credores, já que há marcas de revistas que foram dadas como garantias à Segurança Social e à Autoridade Tributária — maiores credores da TiN — para em caso de haver interessados “essa questão das garantias não vir a ser um entrave”.
Já “é altura de os deputados discutirem de forma séria o que querem da comunicação social, tem de ser definido como setor crítico”, defendeu Rui da Rocha Ferreira, apontando que em caso de “crise, por exemplo, haver um fundo que possa intervir” e uma “vigilância às contas” das empresas do setor.
Aliás, “pode e deve-se começar a olhar de forma mais estrutural para as empresas de comunicação”, defendeu, rematando: “Se é para a TiN cair, que se aprenda alguma coisa” com isso.
A dona da Visão, Jornal de Letras, Exame, entre outros, está em insolvência e tem assembleia de credores marcada para 29 de janeiro.
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